Sabesp adia parte de investimentos previstos para 2020, vê tendência de queda no faturamento
SÃO PAULO (Reuters) - A Sabesp reduziu projeção de investimento neste ano em 300 milhões de reais e cortou 360 milhões em despesas para enfrentar o cenário criado pelas medidas de contenção da epidemia de coronavírus, afirmaram executivos da companhia paulista de água e esgoto nesta terça-feira.
As medidas de isolamento social, tomadas pelo governo estadual sob a expectativa de frearem o avanço do novo vírus, estão gerando queda no consumo de grandes clientes da Sabesp e aumento nos clientes residenciais, além de indicações de alta na inadimplência, tendências que estão sinalizando queda na receita da empresa no segundo trimestre, afirmaram executivos da companhia em teleconferência com analistas.
O diretor financeiro da companhia, Rui Affonso, afirmou que espera adesão neste ano de cerca de mil funcionários ao plano de demissão voluntária, mas os impactos de redução de custo devem aparecer a partir do primeiro trimestre de 2021.
Para enfrentar as incertezas geradas pela pandemia, a Sabesp tem possibilidade de reforçar seu capital com até 4,15 bilhões de reais este ano, considerando eventual opção pela emissão de um bilhão de reais em debêntures incentivadas de infraestrutura.
"Percebemos, sim, rapidamente uma piora sobre o que esperávamos para 2020. Totalmente? Não. No primeiro trimestre a gente já estava sentindo alguma coisa...O que fizemos foi olhar o ano e não esperar para ver...Vamos torcer para o melhor e nos prepararmos para o pior", disse Affonso na teleconferência.
No primeiro trimestre, a Sabesp apurou prejuízo de 658 milhões de reais, impactada principalmente pelos efeitos da forte alta do dólar nas finanças. A companhia encerrou o período com 2,323 bilhões de reais em caixa.
Questionado sobre eventual pedido de reequilíbrio econômico-financeiro das tarifas junto aos órgãos reguladores, por causa dos efeitos adversos da pandemia, Affonso afirmou que a empresa não planeja "neste momento" fazer tal requisição.
"Isto não está no nosso radar neste momento. Se for necessário, faremos, assim como fizemos em 2015, no contexto da crise hídrica", disse o executivo.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Aluísio Alves)
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