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CORREÇÃO-China retira menção a meta para PIB em abertura do Parlamento

Por Kevin Yao e Judy Hua
Imagem: Por Kevin Yao e Judy Hua

Por Kevin Yao e Judy Hua

22/05/2020 07h33

(Corrige matéria publicada em 22 de maio para esclarecer, no 2º parágrafo, que foi a 1ª vez que nenhuma meta de PIB foi estabelecida desde 2002)

Por Kevin Yao e Judy Hua

PEQUIM (Reuters) - A China desistiu de sua meta de crescimento anual pela primeira vez nesta sexta-feira e prometeu mais gastos do governo conforme a pandemia de coronavírus afeta a segunda maior economia do mundo, adotando um tom sombrio para a reunião do Parlamento deste ano.

A omissão no relatório de trabalho do primeiro-ministro Li Keqiang marca a primeira vez que a China não determina uma meta para o Produto Interno Bruto desde 2002.

A economia encolheu 6,8% no primeiro trimestre, primeira contração em décadas, afetada pelo surto do novo coronavírus que começou na cidade central chinesa de Wuhan.

"Não determinamos uma meta específica para o crescimento no ano, principalmente por causa da situação global da epidemia e a situação econômica e comércio é muito incerta, e o desenvolvimento da China enfrenta alguns fatores imprevisíveis", disse Li na abertura do Parlamento.

O consumo doméstico, os investimentos e as exportações estão caindo, e a pressão sobre o emprego aumenta de forma significativa, enquanto os riscos financeiros estão aumentando, alertou ele.

A China determinou o objetivo de criar mais de 9 milhões de empregos urbanos este ano, de acordo com o relatório de Li, contra meta de ao menos 11 milhões em 2019 e a mais baixa desde 2013.

Antes do Congresso Nacional do Povo, reunião de uma semana do Parlamento, os líderes chineses prometeram ampliar o estímulo para impulsionar a economia em meio a crescentes preocupações de que as perdas de empregos poderiam ameaçar a estabilidade social.

Pequim também está planejando uma legislação de segurança para Hong Kong, que, segundo Li, fornecerá um sistema jurídico "sólido" e mecanismos de aplicação, mas que, segundo os críticos, poderia reduzir a autonomia da cidade.

ESTÍMULO MONETÁRIO OU FISCAL

A China busca um déficit orçamentário em 2020 de ao menos 3,6% do PIB, contra 2,8% no ano passado.

O governo emitirá 1 trilhão de iuanes em títulos especiais do Tesouro este ano, a primeira emissão desse tipo. A China vai transferir 2 trilhões de iuanes arrecadados do maior déficit orçamentário para 2020 e títulos especiais do Tesouro anticoronavírus para os governos locais, disse Li.

Títulos dos governo locais poderiam ser usados para financiar projetos de infraestrutura, enquanto títulos especiais do Tesouro poderiam ser usados para apoiar empresas e regiões atingidas pelo surto.

O estímulo fiscal no relatório de Li é equivalente a cerca de 4,1% do PIB da China, segundo cálculos da Reuters com base nas medidas fiscais anunciadas.

"O orçamento anual aponta para estímulos fiscais este ano, pelo menos em pé de igualdade com os da crise financeira global", escreveu Julian Evans-Pritchard, economista sênior da Capital Economics na China.

A política monetária será mais flexível, disse Li, acrescentando que o crescimento no M2 -- um amplo indicador de oferta de moeda -- e o financiamento social total serão significativamente maiores este ano.

O Banco do Povo da China guiará para baixo sua taxa básica de juros, disse ele. O banco cortou a Taxa Primária de Empréstimo (LPR) em 46 pontos-base desde agosto de 2019.