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Setor de serviços do Brasil despenca 11,7% em abril e tem novas perdas recordes por pandemia

10.jun.2020 - Mulher tem a temperatura corporal medida na rua 25 de Março, em São Paulo - Werther Santana/Estadão Conteúdo
10.jun.2020 - Mulher tem a temperatura corporal medida na rua 25 de Março, em São Paulo Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

Em São Paulo e Rio de Janeiro

17/06/2020 09h44

O segundo trimestre começou com novas perdas recordes para o setor de serviços brasileiro em abril devido ao fechamento dos negócios para contenção do novo coronavírus, com forte impacto da queda em transportes e maior perda de receita em hotéis e restaurantes.

O volume de serviços em abril caiu 11,7% na comparação com o ano anterior, informou hoje o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse foi o recuo mais forte desde o início da série histórica em janeiro de 2011 e marcou a terceira taxa negativa seguida, período em que as perdas acumuladas foram de 18,7%.

Em março, quando as medidas de isolamento social ainda não tinham impactado o mês inteiro, as perdas foram de 7,0%, em dado revisado pelo IBGE após divulgar queda de 6,9%, número que já havia sido recorde na série histórica iniciada em janeiro de 2011.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o volume do setor teve recuo de 17,2%, segunda queda seguida.

Ambos os resultados foram piores do que as expectativas em pesquisa da Reuters de contração de 10,5% no mês e de 15,8% no ano.

Os impactos do fechamento das empresas e lojas e do isolamento social no Brasil foram sentidos ainda mais em abril em todos os setores econômicos, já que o mês foi inteiramente afetado por essas medidas de contenção.

"É recorde sobre recorde por conta dos efeitos da pandemia. Março teve efeito em dez dias, e agora foram 30 dias de atividades econômicas sendo atingidas com menos serviços, comércio e pessoas nas cidades", destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Todas as atividades de serviços pesquisadas tiveram quedas recordes, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, cujo volume despencou 17,8% e representou o maior impacto negativo no mês.

"O setor de transporte já havia caído em março e teve sua queda intensificada em abril. Além da perda das receitas no transporte aéreo de passageiros e no transporte rodoviário coletivo de passageiros, observaram-se quedas no transporte rodoviário de carga, operação de aeroportos, concessionárias de rodovias e metroferroviário de passageiros", explicou Lobo.

Serviços prestados às famílias tiveram queda de 44,1%, pressionados com força pelo recuo de 46,5% em alojamento e alimentação, acelerando as perdas de 33,7% em março

Já serviços profissionais, administrativos e complementares perderam 8,6%, e a atividade de informação e comunicação teve recuo de 3,6%. Outros serviços apresentaram queda de 7,4%.

O volume das atividades turísticas, por sua vez, intensificou a queda a 54,5% em abril sobre o mês anterior, também a perda mais intensa da série histórica em meio às paralisações e medidas de isolamento para contenção do coronavírus.

A atividade de serviços sofreu contração de 1,6% no primeiro trimestre, o que teve forte influência na queda de 1,5% do PIB nos três primeiros meses do ano, já que exerce forte peso sobre a atividade.

A mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central junto ao mercado mostra que a expectativa é de contração de 6,51% do PIB este ano, indo a um crescimento de 3,50% em 2021.