Palavra do presidente tem que se reservar, ele só intervém em momento crítico, diz Mourão
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira que a palavra do presidente tem que se reservar e ele só intervém em momento crítico, em um elogio à mudança de postura de Jair Bolsonaro que deixou de dar entrevistas diárias na porta do Palácio do Alvorada, o que muitas vezes gerava polêmicas.
"Palavra do presidente tem que se reservar, é o comandante. Comandante só intervém no combate no momento crítico. Ele tem que se preservar, deixa que a gente aqui --a mulambada, como eu costumo dizer- deixa que a mulambada encara", disse Mourão, em videoconferência com o Banco Credit Suisse.
A mudança de postura do presidente --de evitar falas públicas polêmicas e para a imprensa-- ocorreu em meio ao avanço de investigações delicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e outras frentes do Poder Judiciário que envolvem Bolsonaro e familiares e aliados dele.
Mourão afirmou que Bolsonaro sempre teve um bom relacionamento com o atual presidente do Supremo, Dias Toffoli, mas reconheceu que houve "ruídos" com o Poder Judiciário.
"Agora ocorreram ruídos aí nesta comunicação, principalmente em torno desse inquérito das fake news, conduzido lá pelo ministro Alexandre de Moraes, isso é até objeto de crítica de maneira geral no meio jurídico brasileiro, da forma como isso vem desenrolando. Tivemos aquelas manifestações de apoiadores do presidente, no meio desses apoiadores aparecem a turma que quer sempre uma solução radical, como se por decreto resolvesse tudo que existe aqui no Brasil, seria muito fácil", disse.
Mourão afirmou que espera haver um bom relacionamento com o presidente eleito do STF, Luiz Fux, que assume em setembro, e destacou que sempre defendeu o diálogo.
"Sempre defendi o diálogo, a convivência harmoniosa com os Poderes porque princípios e opiniões todos nós vamos defender, mas com argumentos consistentes e sem levarmos aí ao radicalismo", disse.
"O ministro Fux tem conhecimento, ele e o presidente se conhecem bem. Acho que o mesmo relacionamento que havia com o presidente Toffoli continuará a ocorrer", reforçou ele, que citou os André Mendonça (Justiça), José Levi (Advocacia-Geral da União) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência) como as fontes do governo no Judiciário.
REFORMAS
O vice-presidente afirmou que, após a normalização dos trabalhos legislativos deste ano, o governo vai buscar aumentar os esforços para aprovar no Congresso as reformas tributária e administrativa.
Mourão disse que a recuperação da economia depende de se avançar realmente nas reformas. "Essa é uma realidade muito clara para nós", destacou.
O presidente Jair Bolsonaro, entretanto, disse recentemente que a reforma administrativa deverá ficar para o próximo ano. Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Congresso tem feito sessões de votação remotas e praticamente analisado apenas propostas referentes ao novo coronavírus.
Na videoconferência, Mourão disse que o espaço governamental para investimentos é pequeno e que, por essa razão, é preciso selecionar os investimentos que serão conduzidos pelo poder público e dar liberdade de atuação para a iniciativa privada nessa questão.
(Reportagem de Ricardo Brito)
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