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Ministério da Defesa suspende operação em terras indígenas após visita de Salles a garimpeiros

06/08/2020 22h12

Por Anthony Boadle

BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Defesa suspendeu nesta quinta-feira uma operação de agentes ambientais contra garimpeiros ilegais em uma reserva indígena na Amazônia, alegando que a decisão foi tomada a pedido de indígenas que defendem o garimpo em suas terras.

A suspensão ocorreu após uma visita à reserva Munduruku pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para se reunir com garimpeiros e indígenas que apoiam a mineração.

A operação na localidade havia começado na quarta-feira, com a destruição de equipamentos usados por garimpeiros que exploram ouro em rios dentro da reserva no Estado do Pará.

Organizações indígenas têm denunciado o desmatamento e a poluição de rios ​por garimpeiros ilegais que invadem reservas, incentivados pelos planos do presidente Jair Bolsonaro de desenvolver economicamente a Amazônia, incluindo as reservas indígenas.

Um comunicado do Ministério da Defesa disse que as operações nas terras Munduruku foram suspensas "para avaliação de resultados, atendendo à solicitação dos indígenas".

Representantes dos indígenas foram levados de avião para Brasília em um avião da Força Aérea para uma reunião no Ministério do Meio Ambiente, acrescentou o comunicado.

O Ibama, cuja equipe de elite destruiu equipamentos de mineração na reserva, não respondeu a um pedido de comentário.

Bolsonaro, que defende legalizar a mineração em reservas indígenas, criticou no passado a destruição de equipamentos de mineração usados ​​por garimpeiros.

O desmatamento em territórios indígenas na floresta amazônica disparou nos primeiros quatro meses de 2020, aumentando 59% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo uma análise do Greenpeace de dados oficiais.

A organização ambiental disse que 72% da mineração ilegal na Amazônia nos primeiros quatro meses deste ano ocorreu em terras indígenas ou em áreas de conservação.

No norte da Amazônia, uma corrida do ouro levou 20.000 garimpeiros a invadirem a reserva Yanomami, ameaçando o meio ambiente e a saúde da última grande tribo isolada do Brasil.