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Argentina consegue reestruturar 93,55% de sua dívida com apoio de credores a oferta do governo

31/08/2020 18h13

Por Walter Bianchi e Hugh Bronstein

BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina informou nesta segunda-feira que obteve amplo apoio dos credores para sua oferta de reestruturação da dívida externa, com aval dos detentores dos títulos para trocar 93,55% dos títulos elegíveis de um montante de 65 bilhões de dólares.

Após meses de tensas negociações desenvolvidas em meio à pandemia do coronavírus, o país --que atravessa uma grave crise econômica-- chegou a um resultado que implica uma reestruturação de cerca de 99% do valor total dos instrumentos, segundo o governo.

"Agora há outros desafios, o primeiro deles é reativar o mercado interno", disse o presidente de centro-esquerda Alberto Fernández ao fazer o anúncio sobre o resultado da troca.

Um sólido acordo era fundamental para a Argentina, terceira maior economia da América Latina e um dos mais importantes produtores de grãos do mundo, sair da inadimplência em que caiu neste ano após uma recessão iniciada em 2018. Analistas preveem que a economia do país vai contrair cerca de 12,5% em 2020.

"A Argentina terá um alívio da dívida na próxima década de 37,7 bilhões de dólares e a taxa de juros média cai de 7% para 3,07%", disse o ministro da Economia, Martín Guzmán, durante o anúncio em que acompanhou o presidente Fernández.

Guzmán afirmou que se espera reduzir o déficit fiscal do país --que cresceu neste ano devido aos amplos gastos públicos para fazer frente aos efeitos da pandemia-- para 4,5% do PIB em 2021. A estimativa fará parte do projeto de Orçamento a ser enviado ao Congresso em setembro.

O forte apoio e as poucas possíveis resistências a esse swap contrastam com a reestruturação da dívida da Argentina de 2005, na qual credores com cerca de um quarto dos títulos rejeitaram um acordo, levando a mais de uma década de batalhas jurídicas.

Com a aceitação da troca de um valor total de 99% da dívida, Guzmán disse aos jornalistas que "faremos progressos na resolução do 1% restante; não consideramos isso um problema".

A Reuters informou na sexta-feira, quando o prazo para o acordo se encerrou, que o governo estava contando com forte apoio dos credores para um acordo.