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PF cumpre mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas a Petrobras em nova fase da Lava Jato

07/10/2020 11h23

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira 4 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro contra pessoas ligadas à Petrobras em uma nova fase da operação Lava Jato, batizada de Sem Limites 3, que apura suposto recebimento de propina em troca de favorecimento na escolha de empresas fornecedoras de combustível, disseram a PF e o Ministério Público Federal.

Diligências foram feitas em endereços na zona oeste da cidade e os nomes dos alvos não foram revelados.

"As medidas objetivam aprofundar as apurações relacionadas ao envolvimento de funcionários e ex-funcionários da Petrobras em esquemas de corrupção na área comercial da estatal, especialmente no comércio de bunker, como é denominado o produto escuro usado como combustível de navio", informou o MPF do Paraná.

"As provas sugerem que os investigados promoviam um verdadeiro rodízio no fechamento de operações com as empresas do setor e que estas também pagavam vantagens indevidas, as buscas objetivam chegar aos executivos dessas outras companhias, além de outros funcionários envolvidos", acrescentou o órgão em nota.

A Petrobras afirmou que nenhum de seus funcionários da ativa foi alvo da operação. O MPF esclareceu no fim da tarde, que não houve busca e apreensão sobre funcionários da ativa da Petrobras, embora haja funcionários atuais da estatal sendo investigados.

O esquema teria ocorrido no Brasil e no exterior, em especial no porto de Cingapura.

As fraudes teriam, segundo a PF, ocorrido entre 2009 e 2013, mas os pagamentos das vantagens indevidas foram feitos até 2018. O MPF informou que há provas que comprovam e revelam o esquema de pagamento, como "mensagens de SMS, e-mails, planilhas e uma série de invoices de uma das companhias envolvidas que demonstram, aliadas a diversas informações bancárias e fiscais, a existência de um sistemático esquema de pagamento de vantagens indevidas e de conversão desses valores em bens de aparência lícita, que perdurou pelo menos de 2009 a 2018".

Segundo os investigadores, não é possível estimar quanto teria sido pago em propina aos funcionários e ex-funcionários da estatal, mas só uma das empresas envolvidas teria desembolsado mais de 8 milhões de dólares por meio de doleiros, valor que supera 45 milhões de reais no câmbio atual.

"A operação Lava Jato, apesar de ter descortinado um mega esquema de corrupção, ainda está em pleno vapor. E ainda tem um amplo horizonte de práticas ilícitas a serem descobertas", disse o procurador da República, Alessandro Oliveira, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.

Em nota, a estatal disse que é vítima dos crimes revelados pela Lava Jato, que o MPF reconhece essa condição e que colabora com as investigações desde 2014.

"A companhia colabora com as investigações desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 21 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 71 ações penais relacionadas a atos ilícitos investigados pela operação Lava Jato", disse a empresa.

"Cabe salientar que a Petrobras já recebeu mais de 4,6 bilhões de reais, a título de ressarcimento, incluindo valores que foram repatriados da Suíça por autoridades públicas." brasileiras.