Opep passa a ver platô na demanda por petróleo ao final da década de 2030
Por Alex Lawler
LONDRES (Reuters) - A demanda global por petróleo deve estabilizar ao final dos anos 2030, quando poderá então começar trajetória de declínio, disse a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) nesta quinta-feira, em uma importante mudança na visão do grupo que reflete o impacto duradouro da crise do coronavírus sobre a economia e os hábitos dos consumidores.
A previsão da Opep, em relatório sobre perspectivas para a indústria do petróleo, vem em meio a um crescente número de outras estimativas de que a pandemia pode se provar um ponto de virada para o pico de demanda por petróleo.
O uso de petróleo deve crescer para 107,2 milhões de barris por dia em 2030, de 90,7 milhões de bpd em 2020, disse a Opep. A previsão é 1,1 milhão de bpd inferior à realizada para 2030 no ano passado e mais de 10 milhões de bpd abaixo de uma estimativa feita em 2007 para a demanda em 2030.
"A demanda global por petróleo crescerá a taxas relativamente saudáveis durante a primeira parte do período da projeção, antes que a demanda atinja um platô na segunda metade", afirmou o relatório, que olha para o período 2019-2045.
"A demanda futura provavelmente continuará persistentemente abaixo das projeções passadas devido aos persistentes efeitos de restrições associadas à Covid-19 e seu impacto sobre a economia global e o comportamento dos consumidores."
Enquanto o uso de petróleo para abastecer carros, caminhões e a indústria deve se recuperar com a retomada das economias, a Opep expressou preocupação de que o crescimento futuro seja parcialmente compensado por fatores como uma mudança pós-pandemia para maior uso de trabalho remoto e teleconferências, assim como por ganhos de eficiência e pela adoção dos carros elétricos.
Mesmo antes da pandemia, o crescente ativismo climático no Ocidente e o uso cada vez mais amplo de combustíveis alternativos também têm colocado a força da demanda por petróleo no longo prazo em xeque. A Opep, apesar de reduzir suas previsões, ainda vê uma expansão.
No relatório deste ano, a Opep também vê potencial para que a demanda comece um declínio após 2030, dadas questões como a adoção mais acelerada de carros elétricos, aumento na eficiência de combustíveis e uma redução em viagens de trabalho e lazer após a pandemia.
Esse cenário, o caso de "Políticas Aceleradas e Tecnologia", não tem como base nenhuma grande inovação tecnológica, disse a Opep, e nem representa toda a redução possível que a demanda pode enfrentar.
Há um amplo escopo para implementação em larga escala de medidas de eficiência energética, que poderiam potencialmente deprimir a demanda futura por petróleo para níveis bem menores", disse a Opep.
MELHORA NO CURTO PRAZO
Mas a Opep vê um aumento na demanda no curto prazo. No próximo ano, o uso de petróleo deve saltar para 97,7 milhões de bpd, atingindo 99,8 milhões de bpd em 2022 --acima do nível de 2019, segundo as projeções do grupo.
Em 2024, a demanda cresceria para 102,6 milhões de bpd.
No longo prazo, o cenário de referência é de que a demanda por petróleo atinja 109,3 milhões de bpd em 2040 e caia levemente para 109,1 milhões de bpd em 2045.
A Opep também espera aumentar a produção nas próximas décadas, enquanto a de rivais cai.
"O petróleo continuará a responder pela maior parcela do mix de energia até 2045", disse o secretário-geral da Opep, Mohammad Barkindo, em uma introdução ao relatório.
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