País que oferece vacina ao Brasil tem primeiro de vacinar em massa sua população, diz Bolsonaro
Por Lisandra Paraguassu e Eduardo Simões
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira que o país que oferece uma vacina contra Covid-19 ao Brasil primeiro precisa vacinar em massa sua população, ao fazer uma aparente referência à CoronaVac, potencial imunizante desenvolvido pela chinesa Sinovac, que está sendo testada em estudo liderado pelo Instituto Butantan, do governo do Estado de São Paulo.
Sem mencionar diretamente o nome do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro disse que tem um governador que quer ser "médico do Brasil" e disse que qualquer vacina só será aplicada à população brasileira se houver comprovação científica de sua eficácia.
"Tem que ter comprovação científica. O país que está oferecendo essa vacina tem que primeiro vacinar em massa os seus antes de oferecer para outros países", disse Bolsonaro a apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada nesta manhã.
"Muita coisa assim você só consegue vender para outros países depois de usar em seu país e comprovar sua eficácia", acrescentou.
Em entrevista coletiva nesta segunda, o governo de São Paulo disse que espera entregar ainda neste ano o dossiê para registro da vacina da Sinovac junto à Anvisa. Doria também foi indagado sobre as declarações do presidente e as rebateu.
"Primeiro queria agradecer o presidente Bolsonaro me qualificando como médico do Brasil", disse. "Porque eu confio nos médicos, e ontem foi o Dia do Médico. Portanto qualquer referência a mim, ainda que eu não seja médico, mas como tal só me distingue, porque acredito na medicina e nos médicos", afirmou.
O governador tem afirmado que quer que a vacina, uma vez aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ingresse no Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, mas ainda não houve acordo neste sentido. Doria afirma que, caso a vacina não seja incluída no programa nacional, vacinará a população de São Paulo.
Reuniões estão marcadas para Brasília na próxima quarta-feira entre Doria e outras autoridades do governo paulista com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e com representantes da Anvisa.
Bolsonaro, que é adversário político de Doria, a quem vê como potencial adversário na disputa presidencial de 2022, reiterou que a vacinação contra a Covid-19 não será obrigatória, depois de o governador de São Paulo afirmar que seria no Estado.
"Quem define isso é o Ministério da Saúde. O meu ministro da Saúde já disse bem claramente que não será obrigatória essa vacina", disse Bolsonaro.
"Tem um governador aí que está se intitulando médico do Brasil, que está dizendo que ela será obrigatória. Eu repito: não será. Nossa parte, a vacinação, quando estiver em condições, depois de aprovada pelo Ministério da Saúde, com comprovação cientifica, e mesmo assim ela tem que ser validada pela Anvisa, aí nós ofereceremos de forma gratuita. Mas repito, não será obrigatória."
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