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Invepar desiste de venda de fatia no aeroporto de Guarulhos, negocia reequilíbrio de contrato

Aeroporto Internacional de Guarulhos é desinfectado durante a pandemia de coronavírus  - Divulgação
Aeroporto Internacional de Guarulhos é desinfectado durante a pandemia de coronavírus Imagem: Divulgação

21/10/2020 09h09

A Invepar não tem mais planos de vender sua participação no aeroporto de Guarulhos (SP) e espera acertar ainda neste ano com o governo federal um acordo de reequilíbrio do contrato de concessão que poderia gerar um desconto de 600 milhões a 800 milhões de reais no valor de outorga devida neste ano, disse o vice-presidente financeiro da empresa, Enio Stein.

Assim como todo o setor aéreo e de turismo mundial, o terminal de Guarulhos foi duramente impactado pela pandemia de coronavírus. Em entrevista à Reuters, Stein afirmou que Guarulhos chegou a operar com apenas 5% de sua capacidade na área internacional e apenas 10% nas operações domésticas no auge das medidas de isolamento social, entre março e abril.

Nos últimos meses, no entanto, houve uma melhora no movimento de operações e passageiros, mas o aeroporto ainda opera com cerca de metade da capacidade, disse o executivo. Antes da Covid-19, a estimativa era que Guarulhos poderia atingir um fluxo de 45 milhões de passageiros neste ano, mas projeções atualizadas da Invepar apontam para algo em torno de 20 milhões. A outorga anual de Guarulhos é de 1,2 bilhão de reais.

O ministro dos Transportes, Tarcísio de Freitas, já afirmou por diversas ocasiões neste ano que o governo pretende renegociar os termos de concessões por conta da pandemia apenas dos contratos que não apresentem problemas anteriores à epidemia.

"A ideia em discussão é compensar uma parte de passageiros perdidos com a redução da outorga. A ordem de grandeza é de 600 milhões a 800 milhões de reais. É como se fosse desconto", disse Stein sobre as negociações com o governo. A concessão de Guarulhos vai até 2032.

A venda do terminal de Guarulhos chegou a entrar no radar da Invepar antes da pandemia, mas a ideia perdeu força, diante dos impactos na demanda futura de passageiros e incertezas geradas pela pandemia.

"A ideia de vender morreu...o que dificulta fazer uma venda é o nível de incerteza no mercado muito elevado", disse Stein. "Acho difícil alguém chegar com um cheque; mas parcerias, modelos conjuntos são propícios?, adicionou.

Reestruturação

A Invepar, que atravessa um processo de reestruturação de dívida que atualmente está em cerca de 2,1 bilhões de reais, pretendia transferir a credores parte de seus ativos, como as concessões da Linha Amarela e MetrôRio, no Rio de Janeiro.

Mas uma liminar da justiça este ano devolveu à prefeitura carioca a concessão da via expressa, dificultando o andamento das tratativas sobre reestruturação do passivo da companhia. A expectativa é que a reestruturação possa ser finalizada em 2021, desde que a Invepar volte a controlar a via expressa.

A previsão é que a liminar concedida à prefeitura do Rio sobre a Linha Amarela seja julgada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), na quarta-feira. Enquanto isso, a empresa aguarda desdobramentos da proposta de aquisição apresentada aos controladores pela gestora brasileira Latache Capital, no início do mês.

Stein afirmou que a Invepar deve ficar fora da agenda de concessões do governo federal até 2021 por causa do processo de reestruturação do passivo da empresa. A partir de 2022, a companhia deverá voltar ao mercado para analisar oportunidades.

A licitação de aeroportos como Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), prevista para 2022, é um interesse natural do grupo. "São dois ativos que cabe olhar; vai depender de modelo, quem são os competidores, mas conceitualmente são ativos que fazem sentido para nós", disse Stein.