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Delegado da PF diz que principais causas de desmatamento na Amazônia são grilagem e madeira ilegal

22/10/2020 17h02

(Reuters) - Em meio a um debate internacional sobre a preservação da Amazônia, o superintende da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, afirmou nesta quinta-feira que a causa principal do desmatamento da região amazônica é a grilagem de terra e a extração ilegal de madeira.

Para o delegado, a cobrança que existe sobre o produto agropecuário brasileiro é cercada de oportunismo e é preciso “pisar no barro“ para conhecer a realidade de perto da Amazônia.

“Se observarmos as áreas desmatadas supostamente para produção agropecuária em Roraima e no Amazonas, é que essas áreas foram degradadas, mas não servem para produção agrícola ou agropecuária, é uma terra destruída após a grilagem de terra para que a madeira seja negociada”, afirmou Saraiva.

“Esse processo de destruição da Amazônia para o tráfico internacional de madeira é a mola mestra dessa dinâmica e é feito por uma organização criminosa com tentáculos em vários segmentos da sociedade e do serviço público”, frisou.

Segundo ele, alguns grupos e pesquisadores apontam equivocadamente a produção agropecuária como o principal motivo para o desmatamento da Amazônia.

“Por que que se tem a impressão de que o que destrói a Amazônia é a agropecuária? Quando eu vim trabalhar aqui na Amazônia há 10 anos eu também pensava assim e não estou dizendo que a agropecuária não tenha sua cota de responsabilidade”, disse ele em um evento do BNDES sobre meio ambiente.

“O que acontece hoje é que grande parte do desmatamento é promovida por uma organização criminosa que a sociedade a confunde com o agricultor. O madereiro ilegal não é agricultor ou de gado; é apenas um ladrão de um bem público”, acrescentou.

O delegado da PF argumentou ainda que muitos pesquisadores que estudam a região amazônica mas não vão às áreas degradadas se baseiam em documentos das secretarias de ambiente regionais que são fraudados por grileiros e exploradores de madeira que obtêm licenças para uso alternativo do solo, mas acabam na verdade se apossando da terra e derrubando árvores para a extração ilegal de madeira. Muitas dessas terras, depois da destruição são abandonadas.

“Nós devemos nos concentrar e nosso esforço tem que ser contra a grilagem de terra, contra o furto de madeira que pertence à União”, salientou.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)