Vale lucra 76% mais no 3º tri com alta do minério de ferro e demanda chinesa
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale teve lucro líquido de 2,9 bilhões de dólares no terceiro trimestre, aumento de 76% ante o registrado no mesmo período do ano passado, com impulso de melhores preços do minério de ferro em meio à forte demanda da China, informou a companhia nesta quarta-feira.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou 6,1 bilhões de dólares, versus 4,6 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado.
O desempenho também melhorou fortemente ante o segundo trimestre, quando o lucro somou 995 milhões de dólares, e o Ebitda ajustado 3,37 bilhões de dólares. Mas o resultado líquido ficou abaixo da expectativa de 3,76 bilhões de dólares, com base em dados da Refinitiv.
O Ebitda de Minerais Ferrosos, o principal negócio da empresa, totalizou 5,86 bilhões de dólares no terceiro trimestre, ficando 2,35 bilhões acima do segundo trimestre.
O preço realizado da Vale de finos de minério de ferro totalizou 112,1 dólares por tonelada, um aumento de 23,2 dólares quando comparado ao trimestre imediatamente anterior e também avanço na comparação com os 89,2 dólares do mesmo período do ano passado.
A alta refletiu "o aumento do preço de referência 62% Fe e a curva de preço futura, devido a forte demanda chinesa".
A companhia comentou que a produção de aço da China totalizou 92,5 milhões de toneladas em setembro, atingindo um recorde de 781 milhões no acumulado dos nove primeiros meses do ano, um aumento de 4,5% em relação ao ano anterior.
O custo caixa C1 de finos de minério de ferro diminuiu 2,2 dólares, totalizando 14,9 dólares/toneladas no terceiro trimestre.
"O menor custo caixa C1 deveu-se, principalmente, à maior diluição de custos fixos (1,5 dólar/t) e a normalização dos custos de demurrage (0,9 dólar/t), ambos efeitos antecipados no relatório do segundo trimestre", disse a Vale.
REMUNERAÇÃO
A Vale teve um fluxo de caixa livre das operações de 3,75 bilhões de dólares no terceiro trimestre, impulsionado principalmente pelo forte Ebitda, o que permitiu o pagamento de remuneração aos acionistas.
A empresa destacou que no terceiro trimestre o conselho de administração retomou a política de remuneração de acionistas, distribuindo um total de 3,3 bilhões de dólares em retornos pelo desempenho da companhia no primeiro semestre e os juros sobre capital próprio anunciados em dezembro de 2019.
A mineradora apontou ainda que desembolsou 332 milhões de dólares no trimestre relativos ao desastre de Brumadinho (MG), incluindo o programa de descaracterização, acordos e doações e
despesas incorridas.
O valor das provisões encerrou o período totalizando 3,1 bilhões de dólares, principalmente devido aos desembolsos feitos durante o ano no valor de 863 milhões de dólares e ao impacto da desvalorização do real.
Os investimentos no terceiro trimestre totalizaram 895 milhões de dólares, consistindo em 110 milhões em execução de projetos e 785 milhões de dólares em manutenção das operações.
Além disso, a companhia atualizou a projeção de investimentos em 2020, de 4,6 bilhões para 4,2 bilhões de dólares.
A dívida líquida expandida atingiu 14,4 bilhões de dólares até 30 de setembro, queda de 844 milhões de dólares principalmente pelos menores compromissos relacionados a Brumadinho e Samarco & Fundação Renova.
(Por Roberto Samora e Sabrina Valle)
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