Ibovespa recua com exterior ainda negativo e receio de novo "março de 2020"
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista ampliava nesta quinta-feira as perdas da semana e ameaçava a recuperação de outubro, dado o cenário externo ainda avesso a risco por causa do avanço do coronavírus, com agentes financeiros também repercutindo uma bateria de resultados corporativos.
Às 10:59, o Ibovespa caía 0,75%, a 94.654,95 pontos. Na mínima, chegou a 93.386,55 pontos. O volume financeiro nesta quinta-feira era de 6,1 bilhões de reais.
Na véspera, o Ibovespa fechou em queda de 4,22%, a 95.399,45 pontos, a maior perda diária percentual desde abril, em meio a temores de que o crescimento de casos de Covid-19 no mundo resulte em novos "lockdowns", e, assim, complique a recuperação das economias.
Até a quarta-feira, o índice acumulava alta de 0,81% em outubro, agora passou mostrar variação positiva de 0,05%.
Em Wall Street, o S&P 500 ensaiava melhora, com dados um pouco melhores do que o esperado sobre pedidos de auxílio-desemprego nos EUA e balanços de tecnologia. Na Europa, porém, o clima persistia negativo, com o londrino FTSE 100 recuando 0,7%, enquanto o petróleo Brent caía 5,7%.
Na visão do estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, a explosão de casos de coronavírus na Europa nos últimos dias acabou levando diversos países a adotarem medidas mais agressivas de distanciamento social e fechamento econômico mais amplo, gerando maior volatilidade e correção dos mercados.
"Esperamos um curto-prazo de maior volatilidade e incerteza. Por alguns momentos, podemos ter a sensação de que voltamos no tempo e poderemos viver um novo 'março de 2020'", afirmou. "Ainda estamos distante da normalidade e de uma clara recuperação mais vigorosa em todas as regiões do mundo."
Investidores também avaliavam decisão do Banco Central de manter na quarta-feira a Selic em 2% ao ano, conforme ampla expectativa do mercado, bem como mensagem de orientação futura e a porta aberta para eventual corte nos juros básicos à frente.
DESTAQUES
- AZUL PN e GOL PN caíam 5,04% e 5,73%, respectivamente, com o setor, um dos mais afetados pela pandemia, sofrendo com as preocupações sobre potenciais reflexos do aumento de casos de Covid-19 no mundo. No mesmo contexto, CVC BRASIL ON operava em baixa de 4,46%.
- PETROBRAS PN recuava 3,43% e PETROBRAS ON perdia 3,33%, em meio a novo tombo do petróleo no exterior. Na véspera, a petrolífera divulgou prejuízo líquido de 1,5 bilhão de reais no terceiro trimestre, afetado por itens não recorrentes, como adesão a programa de anistia tributária. O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado, por sua vez, subiu a 33,4 bilhões de reais.
- MULTIPLAN ON recuava 2,26%, mesmo após forte alta do lucro no terceiro trimestre para 568,7 milhões de reais, que foi obtida sob a influência pontual da venda de um ativo, uma vez que as receitas seguiram sob pressão. No setor, IGUATEMI ON perdia 2,80% e BRMALLS ON caía 2,55%.
- BRADESCO PN recuava 3,05% após queda no lucro no período entre julho e setembro para 5 bilhões de reais, com o segundo maior banco privado do país elevando provisões em 67,5% ano a ano. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN perdia 1,43 %, BANCO DO BRASIL ON caía 2,02% e SANTANDER BRASIL UNIT cedia 0,81%.
- VALE ON tinha elevação de 0,85%, após divulgar lucro líquido de 2,9 bilhões de dólares no terceiro trimestre, aumento de 76% ante o registrado no mesmo período do ano passado, com impulso de melhores preços do minério de ferro em meio à forte demanda da China.
- USIMINAS PNA avançava 2,68%, entre as poucas altas do Ibovespa na sessão, após lucro líquido de 198 milhões de reais no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de 139 milhões de reais um ano antes, com crescimento de receita no período, além forte recuperação em vendas em relação ao segundo trimestre.
- SUZANO ON subia 0,72% antes da divulgação do balanço após o fechamento do mercado, com o setor de papel e celulose também entre os poucos com sinal positivo no Ibovespa. KLABIN UNIT valorizava-se 0,55%.
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