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Vale vê alta de até 11,7% na produção de minério em 2021, elevará investimento

02/12/2020 09h44

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A produção de minério de ferro da Vale poderá aumentar em até 11,7% em 2021, com a empresa encerrando 2020 abaixo da meta estimada, enquanto ainda lida para retomar capacidade em meio a efeitos do desastre de Brumadinho (MG), em janeiro do ano passado.

Contudo, os volumes projetados para o próximo ano pela companhia --no passado, a maior produtora global de minério de ferro, posto perdido para anglo-australiana Rio Tinto-- deverão ficar abaixo até mesmo do que a empresa havia estimado originalmente em 2019 para 2020.

A produção de minério de ferro da Vale em 2020 foi estimada nesta quarta-feira entre 300 milhões e 305 milhões de toneladas, contra uma meta mais recente de 310 milhões a 330 milhões de toneladas, com um número mais provavelmente "na extremidade inferior" da projeção.

Para 2021, a produção de minério de ferro da Vale deverá crescer para uma faixa de 315-335 milhões de toneladas, informou a companhia em fato relevante, antes do evento Vale Day, a partir das 11h30 de quarta-feira.

No Vale Day do ano passado, antes de revisar suas metas por efeitos climáticos e em meio à pandemia, a companhia havia projetado entre 340 milhões de 355 milhões de toneladas para 2020 e 375-395 milhões para 2021.

Ao final de outubro, o diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Marcello Spinelli, havia dito que a companhia estava produzindo no quarto trimestre "na casa de 1 milhão de toneladas ao dia" de minério de ferro, o que seria suficiente para atingir o nível mais baixo da meta mais recente para o ano.

Mas ele citou também riscos de atrasos, como o caso do projeto Serra Leste.

A companhia anunciou apenas ao final de novembro a obtenção da licença para retomada e expansão de Serra Leste, no Pará, cujas operações ficaram paralisadas desde janeiro de 2019, depois de ter atingido o limite da área até então licenciada para a extração do minério de ferro.

Já a produção de cobre foi estimada em 390 mil toneladas em 2021 e em 455 mil toneladas na média de 2022 a 2024, enquanto a divisão de níquel terá 200 mil toneladas em média entre 2021 e 2023.

Por volta das 11:05, as ações da companhia caíam 3%, a 78,78 reais, apesar de o minério de ferro marcar uma nova máxima recorde na bolsa chinesa de Dalian. Na terça-feira, os papéis da mineradora fecharam em alta de mais de 4%, para a máxima histórica de fechamento a 81,25 reais. Em 2020, as ações acumulam elevação de mais de 50%.

Analistas do Bradesco BBI afirmaram que o guidance de produção inferior foi um pouco decepcionante, mas que não justificava nenhuma mudança estrutural na visão para a companhia. O Bradesco BBI tem recomendação 'outperform' para os papéis da Vale, com preço-alvo de 18 dólares para os ADRs.

INVESTIMENTOS

A Vale estimou investimentos de 4,2 bilhões de dólares em 2020, estável ante previsão revisada anteriormente, enquanto projetou um capex de 5,8 bilhões de dólares em 2021.

Na média dos próximos cinco anos, o investimento anual será de 5,5 bilhões de dólares. Dentro deste valor, a companhia espera investir 4,5 bilhões de dólares em atividades de manutenção e 1 bilhão de dólares para crescimento.

A Vale também apontou desembolsos de caixa para descaracterização de barragens de 400 milhões de dólares em 2021, 500 milhões em 2022 e 300 milhões de dólares nos próximos anos até 2025.

Devidos a ajustes nos projetos de descaracterização e obras para melhorias da segurança, a Vale espera registrar uma provisão adicional de aproximadamente 670 milhões de dólares (valor nominal) para a execução do plano de descaracterização nas demonstrações financeiras do quarto trimestre, disse a companhia.

Com isso, o total dessas provisões totalizará aproximadamente 2,7 bilhões de dólares (valor nominal) em 31 de dezembro de 2020, valor que está sujeito a revisão.

A dívida líquida expandida (considerando 100% da distribuição do fluxo de caixa) deverá fechar o ano em 10 bilhões de dólares, caindo para 8,6 bilhões de dólares no próximo ano e 7,4 bilhões de dólares em 2022.

Para 2021, a Vale estimou impacto negativo no fluxo de caixa de 640 milhões de dólares da divisão de carvão, ante 1,1 bilhão em 2020, enquanto vê outros 350 milhões negativos com a unidade de níquel VNC, ante 380 milhões de dólares neste ano.

Já a fundação Renova, criada para realizar reparações pelo desastre da Samarco, terá impacto negativo no fluxo de caixa de 550 milhões de dólares em 2021, ante 400 milhões em 2020.

(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)