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Vitol fecha acordo de US$135 mi nos EUA em caso de acusações por propina na América Latina

03/12/2020 15h30

Por Tom Hals

(Reuters) - A subsidiária norte-americana da Vitol fechou um acordo de 135 milhões de dólares para pôr fim a acusações do governo dos Estados Unidos sobre supostos pagamentos de propina no Brasil e em outros países envolvendo seu ramo de comercialização de petróleo, disse um procurador local a um juiz do Brooklyn nesta quinta-feira.

O procurador afirmou que 45 milhões de dólares do montante irão para autoridades brasileiras, como forma de acordo por acusações no país.

Sob o acordo de três anos para a ação penal, a Vitol concordou em melhorar os relatórios internos e as funções de "compliance", bem como repassar uma quantia não especificada de ganhos aos órgãos de regulação comercial dos EUA.

A Polícia Federal brasileira investiga há anos, no âmbito da operação Lava Jato, o pagamento de propinas para a obtenção de contratos envolvendo a Petrobras.

Em outubro, a polícia expandiu as investigações sobre a estatal tendo como base gravações secretas realizadas por um ex-executivo da trading suíça Vitol, segundo documentos judiciais.

A subsidiária da Vitol nos EUA admitiu o pagamento de propinas entre 2005 e 2014 em esquemas envolvendo a Petrobras. Em troca das propinas, a Vitol obtia informação sobre as ofertas de concorrentes para a comercialização do petróleo da companhia brasileira.

Uma porta-voz da Vitol disse que a companhia não tinha comentário imediato sobre o assunto. No passado, a empresa afirmou ter uma política de tolerância zero à corrupção.

A Petrobras não respondeu a um pedido por comentários, mas afirma com frequência ser vítima de indivíduos mal-intencionados dentro da empresa, que agiram em coordenação com outras companhias e autoridades governamentais.

O procurador norte-americano disse que a Vitol cooperou com autoridades tanto dos EUA quanto do Brasil, acrescentando que a empresa já iniciou medidas para lidar com os efeitos das acusações.

Procuradores brasileiros anunciaram no final de 2018 que estavam investigando negócios da Petrobras com casas de trading, incluindo as maiores companhias do mundo no setor --Vitol, Trafigura e Glencore.

A Vitol é a maior trading independente de petróleo do mundo, negociando cerca de 8 milhões de barris por dia.

(Por Tom Hals em Wilmington, Delaware; reportagem adicional de Julia Payne e Gram Slattery)