Dólar inicia 2021 com maior alta em 3 semanas em meio a dia negativo no exterior
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar iniciou 2021 em forte alta contra o real, ao fim de uma sessão em que a moeda oscilou entre ganhos e perdas de mais de 1%, captando a volatilidade dos mercados externos em meio a temores sobre a pandemia e seus efeitos sobre a recuperação econômica.
O dólar à vista subiu 1,51%, a 5,2701 reais na venda. A cotação variou entre queda de 1,37%, a 5,1206 reais, logo no começo do pregão; e alta de 1,77%, para 5,2835 reais, ao longo da tarde.
A valorização percentual desta segunda foi a maior desde 14 de dezembro passado, quando a divisa saltou 1,57%.
O comentário nas mesas de operações é que um grande banco estrangeiro dominou os negócios nesta sessão e puxou as compras de dólares. Do lado dos fluxos, pelo cronograma de vencimentos de títulos do Tesouro pouco mais de 104 bilhões de reais em NTN-F venceram no começo do mês. A NTN-F é um papel com tradicional demanda de investidores internacionais.
A virada do dólar ocorreu em sintonia com o fortalecimento da moeda no exterior, ao mesmo tempo que as bolsas de valores em Nova York abandonaram as pontuações recordes alcançadas mais cedo e passaram a cair em torno de 1,8%.
O Morgan Stanley alertou, em relatório, que a relação risco/retorno de comprar ações norte-americanas se deteriorou e que o mercado está pronto para uma correção de baixa. Uma forte queda em Wall Street pode afetar ativos de risco em todo o mundo, incluindo o real. Veja abaixo gráfico das cotações do real e do índice S&P 500 nesta segunda-feira:
O índice do dólar frente a uma cesta de rivais subia 0,15% no fim da tarde, após chegar a ceder 0,38% na mínima da sessão.
O sentimento geral mais arisco teve argumento em renovadas preocupações com o salto em casos de Covid-19, o desenrolar das vacinações e o resultado do segundo turno das eleições no Estado norte-americano da Geórgia, que pode definir a maioria no Senado do país.
Um ponto a que o mercado está atento é a evolução da Covid-19 após as festas de fim de ano, uma vez que uma reabertura estável da economia e a vacinação são vistas como cruciais para uma recuperação consistente da atividade.
"Se surgirem evidências concretas que as reuniões e festas do fim de ano impulsionaram a crise sanitária, o otimismo dos investidores pode encolher à medida que novos casos e a taxa de ocupação de hospitais cresce", disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
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