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Ibovespa cai 3,3% em janeiro com riscos fiscais e Covid-19 ditando embolso de lucros

29/01/2021 18h48

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de mais de 3% nesta sexta-feira, o ditando desempenho negativo no acumulado do mês marcado por recordes, mas também por aumento das preocupações com ruídos políticos e riscos fiscais no país, além do avanço alarmante da pandemia de Covid-19 no mundo, apesar das vacinas.

Nos Estados Unidos, o democrata Joe Biden assumiu a presidência, o que alimentou esperanças de mais estímulos para a economia, com o seu partido passando a controlar o Senado além da Câmara dos Deputados. Isso endossou recordes em Wall St, mas o S&P 500 ainda caiu 1,1% no mês.

No Brasil, o aumento persistente de casos e mortes em razão do coronavírus, embora seguindo a tendência de outros países, trouxe de volta preocupações sobre a retomada econômica e pressões fiscais, enquanto o Banco Central abandonou no primeiro mês do ano o compromisso de não subir a Selic.

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde anunciou mais 1.119 mortes em razão do coronavírus e 59.826 novos casos da doença no país.

"A incerteza para o primeiro trimestre permanece elevada, com o agravamento da pandemia no curto prazo e atraso na vacinação", ressaltou o departamento de pesquisas econômicas do Bradesco, em relatório a clientes em relatório.

Na avaliação da lider de alocação na BlueTrade Marina Braga, a queda do Ibovespa em janeiro está em parte relacionada a uma realização de lucros, mas há também variáveis corroborando as vendas como números de inflação e crescimento ainda preocupantes e poucas definições em relação à pauta de reformas no Congresso.

Ela acrescentou o aumento de atrito político e incertezas em relação à Selic como componentes adicionais para a correção após o Ibovespa subir 15,9% em novembro e 9,3% em dezembro. "É muito difícil prever o que vai acontecer em fevereiro", disse, referendando o clima de dúvidas nos mercados.

Ainda assim, 2021 começou com anúncios de novas ofertas de ações, entre elas o esperado IPO da unidade de mineração da CSN que deve ser precificado em 11 de fevereiro e pode movimentar mais de 7 bilhões de reais. A ação da CSN porém, desabou mais de 8% nesta sexta-feira.

Em contrapartida, Vamos disparou 25%, terminando quase na máxima em sua estreia no Novo Mercado da B3, após a locadora de caminhões e equipamentos movimentando quase 1,2 bilhão de reais em IPO restrito.

O investidor terminou o mês temendo uma greve de caminhoneiros a partir de segunda-feira, o que trouxe de volta memórias dos prejuízos do movimento de maio de 2018 na economia.

A sessão também teve alerta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o risco de manipulação de mercado, um dia após os papéis do IRB Brasil RE dispararem com investidores mostrando intenção de replicar estratégias do caso da GameStop nos Estados Unidos.

Nesse contexto, o Ibovespa caiu 3,21%, a 115.067,55 pontos, maior declínio percentual diário desde outubro passado, acumulando perda de 1,97% na semana - a terceira seguida de queda - e retração de 3,32% no mês. Antes, o Ibovespa renovara recordes em janeiro - de 125.076,63 pontos para o fechamento e 125.323,53 pontos para o intradia, ambos no dia 8.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps caiu 2,59%, a 2.725,47 pontos, com recuo de 0,14% na semana e queda de 3,43% no mês.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 34,3 bilhões de reais.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

- Índice financeiro: -6,5%

- Índice de consumo: -1,28%

- Índice de Energia Elétrica: -4,74%

- Índice de materiais básicos: +0,23%

- Índice do setor industrial: -0,60%

- Índice imobiliário: -7,03%

- Índice de utilidade pública: -6,45%