IPCA acelera alta a 0,86% em fevereiro por gasolina e supera 5% em 12 meses
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação oficial brasileira chegou em fevereiro ao nível mais alto em cinco anos para o mês e se aproximou em 12 meses do teto da meta, com a disparada dos preços da gasolina.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) disparou a uma alta de 0,86% em fevereiro ante 0,25% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A leitura representa a taxa mais elevada para um mês de fevereiro desde 2016 (+0,90%), e também ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,72%.
Com isso, a inflação em 12 meses até fevereiro chegou a 5,20%, de 4,56% no mês anterior, aproximando-se do teto da meta do governo para este ano, que é de 3,75% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A expectativa para o resultado em 12 meses do IPCA até fevereiro era de uma alta de 5,06%.
“Estamos em um patamar elevado de inflação nos últimos meses, e a inflação em 12 meses é a maior desde 2017", disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Em fevereiro o maior impacto individual veio da alta de 7,11% da gasolina, com participação de cerca de 42% no resultado final, segundo o IBGE.
“Temos tido aumentos no preço da gasolina, que são dados nas refinarias, mas uma parte deles acaba sendo repassada ao consumidor final. Esses aumentos subsequentes no preço do combustível explicam essa alta”, explicou Kislanov.
Os preços do etanol ainda subiram 8,06%, enquanto os do óleo diesel avançaram 5,40% e do gás veicular tiveram alta de 0,69%. Com isso, os preços do grupo Transportes subiram 2,28% em fevereiro, de 0,41% em janeiro.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em fevereiro, sendo que a maior variação foi apresentada por Educação, de 2,48%, com reajustes de início de ano e retirada de descontos aplicados ao longo do ano passado no contexto de suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia, segundo o IBGE.
O grupo Alimentação e bebidas desacelerou a alta a 0,27% em fevereiro de 1,02% no mês de janeiro, no terceiro mês de enfraquecimento do avanço dos preços em meio às quedas nos preços da batata-inglesa (-14,70%), do tomate (-8,55%), do leite longa vida (-3,30%), do óleo de soja (-3,15%) e do arroz (-1,52%).
“A desaceleração dos alimentos pode ter a ver com o fim do auxílio emergencial, reduzindo a demanda por produtos como o arroz", disse Kislanov.
A inflação de serviços, setor que vem apresentando as maiores dificuldades de retomada por conta das medidas de isolamento social e agora enfrenta uma piora do cenário da pandemia no país, atingiu a taxa de 0,55% em fevereiro, de uma variação positiva de 0,07% em janeiro.
O ano de 2021 começou com cautela em relação aos preços, em meio à desvalorização do real e preocupações de repasse cambial aos preços, e com instituições econômicas elevando suas estimativas tanto para a alta do IPCA quanto para a taxa básica de juros
Para este ano, a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central junto a uma centena de economistas mostra que a expectativa é de uma alta do IPCA de 3,98%, com a Selic a 4,0%.
O Banco Central volta a se reunir na próxima semana para decidir sobre a taxa de juros, depois de retirar do seu comunicado o "forward guidance", com o qual mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas.
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