Maior parte das transportadoras vê melhora no 2º semestre após novo baque por Covid
Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - A maior parte das empresas de transporte rodoviário de cargas no Brasil espera que o mercado volte a melhorar ainda neste ano, após o baque causado pelo recrudescimento da pandemia de Covid-19 e pela reimposição de medidas restritivas ao redor do país nos últimos dois meses, indicou pesquisa publicada nesta segunda-feira pela NTC&Logística.
Conforme os dados da associação de companhias do setor, 43% destas acreditam que o mercado deve melhorar no segundo semestre deste ano, enquanto 14% disseram esperar uma retomada ainda no primeiro semestre de 2021.
Para 21% das companhias ouvidas, por outro lado, o cenário só deve melhorar no ano que vem. Outros 21% ainda enxergam um panorama mais pessimista, no qual o mercado se recuperaria apenas em alguns anos.
Segundo Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística, a opinião otimista da maioria reflete expectativas de um recuo da pandemia diante da vacinação no país e de que o cenário que foi registrado a partir de meados do ano passado, quando o setor engatou recuperação após a primeira onda da doença, possa se repetir.
Essa retomada vinha se mantendo nos dois primeiros meses deste ano, com algumas companhias registrando números melhores do que os vistos em igual período do ano passado, quando o impacto da pandemia ainda não havia sido sentido.
No entanto, a imposição de restrições de circulação que acompanhou a segunda onda da Covid-19 no Brasil --que, por sua vez, levou os números de casos e óbitos a dispararem a partir de março-- freou parte da recuperação do setor, afetando especialmente as empresas de pequeno porte.
De acordo com o levantamento da NTC&Logística, 63% das companhias reportaram queda no volume de carga transportado no mês passado, enquanto apenas 24% registraram aumento e 13% não observaram variação significativa.
Entre os que apuraram perdas, a queda média foi calculada em 24,2%. Já para os que tiveram ganhos no período, o aumento médio foi de 9,9%, informou a associação.
"Essa paralisação frustrou um pouco, mas as empresas ainda estão animadas com relação ao ano... Os empresários acreditam que com a vacinação, e mais o que aconteceu no ano passado, algo que ficou na memória, a gente deva ter um segundo semestre bom", disse Valdivia.
O presidente da associação, Francisco Pelucio, acrescentou que, embora os números obtidos pela pesquisa estejam "longe do ideal", reforçam o trabalho que o setor tem realizado. Ele também citou o avanço da vacinação como passo importante para que o segmento obtenha resultados positivos.
Lauro Valdivia destacou ainda que, assim como na primeira onda da Covid-19, os segmentos menos afetados durante o recrudescimento da doença foram os de químicos e alimentícios, que se enquadram em serviços essenciais.
A área de cargas fracionadas também registrou impactos mais brandos, mas ainda sofre com algumas incertezas no front da demanda em meio à turbulência econômica.
"A fracionada, que é uma carga mais geral que atende a todos os segmentos e e-commerce, também não foi muito afetada... Mas tem dias em que explode a quantidade de pedidos, mas chega no dia seguinte e não tem nada. Está oscilando demais o volume de carga", afirmou.
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