Pazuello diz que Bolsonaro fez declaração política sobre CoronaVac, mas não mandou cancelar compra
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello garantiu à CPI da Covid no Senado não ter recebido ordem do presidente Jair Bolsonaro para suspender negociação com o Instituto Butantan para compra da vacina CoronaVac, apesar dos posicionamentos públicos do presidente avisando que o governo não compraria o imunizante.
Segundo Pazuello, Bolsonaro se colocou como um "agente político" nas declarações públicas feitas contra a vacina da chinesa Sinovac, mas o ex-ministro argumentou que postagem na internet não é ordem e que nunca recebeu qualquer direção do presidente no sentido de cancelar a compra.
Em outubro do ano passado, após reunião com 27 governadores, o então ministro anunciou a assinatura de protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac, que à época passava por testes no Brasil liderados pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo.
No dia seguinte, no entanto, Bolsonaro desautorizou Pazuello e afirmou, em publicação no Facebook, que a vacina não seria comprada, em resposta a apoiador que criticava a origem chinesa da vacina. Em outra publicação na rede social, o presidente apontou que ela ainda não contava com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e disse que "o povo brasileiro não será cobaia de ninguém".
No dia seguinte, após ser publicamente desautorizado, Pazuello recebeu Bolsonaro e ao minimizar a situação em um vídeo transmitido pelas redes sociais disse que "um manda, outro obedece".
Nesta quarta, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Pazuello disse que a declaração nada mais era do que um "jargão simplório" do meio militar.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello; Edição de Pedro Fonseca)
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