Bolsonaro participa de "motociata" no Rio e reitera que pode tomar medidas para garantir direitos
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro participou nesse domingo de mais uma "motociata", desta vez no Rio de Janeiro, onde voltou a dizer que tomará as medidas que forem necessárias para garantir a liberdade da população, em nova crítica a medidas de restrição para combater a pandemia.
"Nós estamos prontos, se preciso for, para tomar todas medidas necessárias para garantir a liberdade de vocês", disse Bolsonaro a apoiadores após o final de um longo trajeto de motocicleta pela cidade.
O próprio presidente pilotava uma moto e levava na garupa o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Por onde passava, tinha o nome gritado e acenava para a multidão.
Bolsonaro chegou ao Rio de Janeiro bem cedo neste domingo. Fez um sobrevoo de helicóptero pela cidade antes de chegar ao Parque Olímpico da Barra, ponto de partida da "motociata" --uma "carreata" de motociclistas--, onde foi calorosamente recepcionado por apoiadores.
Um forte esquema de segurança foi montado para o evento do presidente. Agentes oficiais, agentes à paisana, veículos e até helicópteros acompanharam o trajeto.
No palanque montado para o discurso na concentração do evento, no aterro do Flamengo, as pessoas estavam sem máscara ao lado do presidente.
Antes do discurso de Bolsonaro, parlamentares tiveram direito a rápidas falas assim como o ministro Tarcísio de Freitas e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello --que há poucos dias prestou um longo depoimento na CPI da Covid, que investiga eventuais falhas do governo federal no combate à pandemia.
Bolsonaro voltou a repetir que o poder maior é o do povo e que não estava ameaçando qualquer dos Três Poderes.
"Jamais ameaçarei qualquer Poder, mas, como disse, acima de nós, dos Três Poderes, está o primeiríssimo poder, que é o povo brasileiro", acrescentou.
O presidente voltou a dizer que "meu Exército" não obrigará ninguém a ficar em casa e vai garantir a liberdade do povo.
Desde o início da pandemia o presidente ataca medidas adotadas por governadores e prefeitos para restringir a circulação e aglomerações de pessoas, que especialistas dizem ser uma dos meios mais eficazes para frear a disseminação do novo coronavírus.
Entre os manifestantes, as posições do presidente ganhavam eco. O empresário Hebert de Souza aproveitou para fazer críticas às medidas de isolamento social.
“O Brasil precisa de emprego, de renda e da economia“, disse à Reuters o empresário, que atua no ramo de combustíveis.
Em seu discurso, Bolsonaro disse que "estamos num momento de dificuldade, mas, se Deus quiser, logo ele passará" e reforçou mais adiante que a pandemia caminha para seu final.
"Nós temos que viver, nós temos que ter alegria também, nós temos que ter ambições, nós temos que ter esperança", disse o presidente, acrescentando que "sempre estarei ao lado de vocês."
Entre os apoiadores houve espaço também para provocações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apareceu liderando a corrida eleitoral em 2022 em recentes pesquisas. O Supremo Tribunal Federal também foi lembrado pelos manifestantes bolsonaristas.
Foi o caso do médico Paulo César Amaral, que disse à Reuters que Bolsonaro é o único nome no espectro político que pode levar o país a um lugar melhor. “O Brasil foi enganado por 30 anos e o povo sabe hoje que o país é grande e pode muito mais“, disse ele. “Lula morreu e tem que ser enterrado junto com o STF”, acrescentou.
Gritos de "eu vim de graça", "Lula ladrão, seu lugar é na prisão" e "nossa bandeira nunca será vermelha" deram o tom do ato.
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