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BC vai elevar projeção para alta do PIB em 2021, diz Campos Neto

24/05/2021 15h10

Por Gabriel Ponte

BRASÍLIA (Reuters) -O Banco Central vai elevar sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, afirmou nesta segunda-feira o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ressaltando que o desempenho do primeiro trimestre surpreendeu e que as expectativas do mercado têm se encaminhado em direção a uma alta de 4%.

"A gente está indo, em 2021, agora, em direção à 4% (de crescimento em 2021). O Banco Central, também, revisando, e aí vale comentar que o primeiro trimestre surpreendeu bastante positivamente. Março foi uma surpresa boa para a gente em todos os aspectos."

"No segundo trimestre, a gente tá revisando para cima, o que significa que o ano vai ser revisado para cima", disse Campos Neto em videoconferência promovida pela empresa de private equity EB Capital.

Em sua explanação, o presidente do BC afirmou que agentes mais otimistas com o segundo semestre poderão ter uma projeção "pouco acima" de 4% para crescimento do PIB neste ano.

A projeção mais recente do BC para o PIB em 2021 é de alta de 3,6%. O dado deve ser revisto no final de junho, na publicação do Relatório de Inflação do segundo trimestre.

Ao discorrer sobre a eficiência do anúncio de pacotes fiscais em um momento de reabertura econômica e imunização da população, o presidente do BC comentou a situação vivenciada nos Estados Unidos, da escassez de mão de obra, apontada pelo último relatório de emprego divulgado pelo Departamento de Trabalho do país para o mês de abril.

"A gente tem, por exemplo, dados recentes nos Estados Unidos que mostram que as pessoas decidiram não procurar emprego, porque estavam recebendo cheques no correio, e existe hoje todo um questionamento, não vamos entrar nisso, de qual é o grau de eficiência marginal dessa ajuda."

INFLAÇÃO

Campos Neto destacou, ainda, surpresas "altistas" na inflação e afirmou que as expectativas para a inflação no Brasil subiram mais do que em outros países.

Dentre fatores que explicam a alta de preços, o presidente do BC destacou o tema de commodities, apesar de ressaltar que parte da cadeia conta com estabilidade de preços desde março.

"A gente tem notado um aumento de posições especulativas em commodities muito grande, acima do normal. Acho que explica um pouco todo esse movimento desses auxílios emergenciais, desses programas fiscais enormes, o pessoal está correndo para commodities, do mesmo jeito que correu para criptoativos."

Em seus comentários, o presidente do BC também mencionou as incertezas políticas e perspectivas de piora fiscal como outros efeitos sobre a dinâmica da inflação. Ele ressaltou que a autoridade monetária tem acompanhado de perto o aumento dos preços.

"As expectativas inflacionárias do Brasil subiram mais do que em outros países. Tem elemento técnico, mas tem um elemento, óbvio, de uma mistura de pressão fiscal, de expectativa de piora fiscal, toda essa parte de incerteza em relação ao cenário político, então acho que tudo isso adiciona. E a gente tem acompanhado isso bastante de perto."

O centro da meta para a alta do IPCA em 2021 é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

VACINAÇÃO

Ao comentar o processo de imunização da população, Campos Neto mostrou-se otimista com o cenário projetado para o mês de junho, prevendo aceleração das vacinações, apesar da média móvel de aplicações de doses da vacina contra a Covid-19 ter recuado.

"No caso do Brasil, que chegou a vacinar mais de 1,2 milhão, 1,3 milhão (por dia), se a gente olhar a média móvel, caiu um pouquinho. A gente teve aí algumas dificuldades com insumos, mas nós entendemos que a aceleração vai ser muito grande em junho."

Ele ainda afirmou que, "muito em breve", haverá uma sobra de vacinas no país. "No mundo desenvolvido a gente já vê um pouco disso (sobra de vacinas). Nos Estados Unidos, mais notadamente, a gente já vê uma facilidade na vacinação."

(edição de Isabel Versiani e José de Castro)