Quem buscou armar denúncia de corrupção sobre Covaxin vai "se dar mal", diz Bolsonaro
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro negou nesta quinta-feira que tenha havido corrupção no processo de importação da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin, e acrescentou que quem buscou "armar" a história "vai se dar mal".
O presidente sustentou que a compra ainda não foi efetivada e que não houve sobrepreço das doses e aproveitou para questionar a motivação do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que ao lado do irmão Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, denunciou as supostas irregularidades.
"Nós não gastamos 1 centavo com a Covaxin. Não recebemos uma dose de vacina Covaxin. Que corrupção é essa?", questionou, na tradicional live semanal pelas redes sociais às quintas-feiras.
"Determinei que a Polícia Federal investigue esse caso desse deputado, que tem uma ficha bastante extensa. Ele fez isso. Isso aconteceu em março. Quatro meses depois ele resolve falar para desgastar o governo. O que ele quer com isso? Ele andou de moto comigo em Brasília, esteve aqui conversando comigo... De repente, do nada, o cara ´vapt´. Vai ser apurado, e com toda certeza quem buscou armar isso daí vai se dar mal", afirmou.
Bolsonaro disse ainda que haverá "providências" caso haja qualquer "roubalheira" em sua gestão.
Mais cedo, em evento no Rio Grande do Norte, o presidente rechaçou as denúncias, afirmou que acusações sobre corrupção em seu governo são "mentiras" para desgastá-lo, e aproveitou para atacar o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, que deve centrar seu foco de apuração no processo de compra do imunizante da Índia a partir de agora.
Segundo o deputado federal, ele e seu irmão denunciaram a Bolsonaro irregularidades no processo de importação do imunizante. Eles alertaram um auxiliar direto da Presidência, pedindo que ele fosse avisado sobre um "esquema de corrupção pesado" na compra de vacinas, e chegaram a se encontrar pessoalmente com o presidente para tratar do assunto.
Os irmãos devem depor à CPI na sexta-feira e já avisaram que pretendem entregar ao colegiado toda a documentação que aponta de forma "clara", segundo eles, as irregularidades no processo.
O Ministério Público Federal (MPF) também apura o caso. O MPF afirma que o contrato para a comprada Covaxin para a entrega de 20 milhões de doses apresenta valor total de 1,6 bilhão de reais, tendo sido a dose negociada por 15 dólares, preço superior ao da negociação de outras vacinas no mercado internacional, a exemplo da vacina da Pfizer.
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