Ibovespa recua com mercado ainda avaliando medidas tributárias; bancos pesam
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa mostrava fraqueza nesta segunda-feira, com os papéis da Vale e de bancos entre as maiores pressões de baixa, enquanto investidores continuam digerindo proposta de medidas tributárias anunciada na sexta-feira.
Às 11:56, o Ibovespa caía 0,33%, a 126.837,87 pontos. O volume financeiro somava 9 bilhões de reais.
No exterior, os norte-americanos Nasdaq Composite e S&P 500 renovaram máximas, mas as variações eram relativamente comedidas e o Dow Jones <.DJI) recuava, ajudando pouco em uma melhora do Ibovespa.
O Ibovespa fechou abaixo dos 128 mil pontos na sexta-feira, reagindo à proposta da segunda etapa da reforma tributária, que trouxe, entre outras mudanças, a tributação sobre dividendos e a eliminação do mecanismo juros sobre capital próprio (JCP).
"As companhias que pagam muitos juros sobre o capital próprio, como bancos e empresas de telecomunicações, seriam as que mais sofreriam. Estimamos que seus lucros cairiam em cerca de 5% e 9%, respectivamente, em 2023", afirmou o BTG Pactual.
Os analistas do banco, que fizeram um exercício com 150 empresas brasileiras sob sua cobertura para entender melhor o impacto das mudanças, afirmaram que Ambev é outra grande pagadora de JCP que sofrerá se a proposta for aprovada.
"Ações que são vistas pelos investidores como proxies de títulos também podem ser penalizadas, uma vez que os dividendos perderiam competitividade em relação aos rendimentos dos títulos - as concessionárias podem se enquadrar neste grupo."
Em contrapartida, a equipe do BTG estimou que as empresas que não fazem pagamentos de JCP devem ver aumento nos lucros por causa da redução da alíquota de imposto.
Eles calculam que o lucro das empresas de infraestrutura, aluguel de automóveis, bens de capital, óleo e gás e agronegócio aumentem entre 6% e 8% em 2023. Ainda assim, avaliam que seus acionistas provavelmente receberão menos dividendos.
DESTAQUES
- VALE ON caía 0,98%, com o setor de mineração e siderurgia como um todo no vermelho, apesar da alta dos contratos futuros do minério de ferro negociados na Ásia.
- ITAÚ UNIBANCO PN recuava 2,27%, com o setor como um todo ainda pressionado pela proposta do governo de acabar com o JCP. Analistas do Credit Suisse destacaram a clientes que os bancos estavam entre os principais beneficiários da dedutibilidade do JCP e avaliaram que a mudança deve superar o impacto positivo da redução da alíquota do imposto de renda. Eles estimam impacto negativo nos lucros de 3% a 4% para os grandes bancos do setor privado e de 7% a 8% para os públicos em 2023. BRADESCO PN perdia 1,55%. Investidores também analisavam dados de crédito do país divulgados mais cedo pelo Banco Central.
- BTG PACTUAL UNIT subia 3,18%, destoando do comportamento dos bancos de varejo, tendo no radar divulgação de procedimentos relacionados ao desdobramento das ações que compõe o capital social de 1 para 4. A partir de 1º de julho, as ações do BTG passarão a ser negociadas ex-direito ao desdobramento, sendo certo que essas novas ações estarão disponíveis na custódia do investidor a partir de 5 de julho.
- BRF ON perdia 1,51%, após relatório do BTG Pactual sobre o setor que cortou recomendação para os papéis para 'venda', embora tenha elevado o preço-alvo para 25 reais. Entre os argumentos, os analistas citaram que uma maior exposição ao mercado doméstico brasileiro significa um desempenho comercial mais desafiador em termos de volume e mix. Também consideram que o preço das ações está altamente distorcido pelas recentes mudanças na base de acionistas. Na sexta-feira, as ações fecharam a 28,48 reais.
- CVC BRASIL ON avançava 2,21%, apoiada nesta sessão por relatório do Bank of America elevando para compra a recomendação dos papéis da operadora de turismo, com preço-alvo de 33 reais.
- QUALICORP ON valorizava-se 2,5%, após anunciar nesta segunda-feira parceria com o Banco Inter e a Inter Seguros para comercialização de planos de saúde coletivos por adesão. BANCO INTER UNIT subia 0,2%.
- AMBEV ON tinha alta de 1,47%, em sessão de recuperação após tombo de 5,57% na última sexta-feira na esteira do anúncio das medidas tributárias. Analistas veem a empresa como uma das mais afetadas pelo fim do mecanismo de JCP proposto pelo governo.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON recuavam 0,96% e 1,09%, respectivamente, alinhadas ao declínio do petróleo no exterior. A companhia também informou que iniciou nesta segunda-feira licitação internacional para implantação de uma nova unidade de hidrotratamento de diesel e os sistemas auxiliares necessários, visando à adequação e modernização do parque de refino de Paulínia (SP).
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