CSN avança no mercado de cimento com aquisição de R$1,08 bi no Nordeste
SÃO PAULO (Reuters) - A CSN anunciou nesta quarta-feira contrato de compra da Elizabeth Cimentos e Elizabeth Mineração, que atua na região Nordeste, em especial na Paraíba e Pernambuco. O negócio foi avaliado em 1,08 bilhão de reais e envolve pagamento em caixa, aporte de capital e assunção de dívidas.
A aquisição adiciona uma capacidade produtiva para a CSN Cimentos de 1,3 milhão de toneladas por ano. Com o fechamento da operação, a empresa passará a ter uma capacidade total de 6 milhões de toneladas por ano e presença mais abrangente no país.
"São esperadas relevantes sinergias operacionais, logísticas, de gestão e comerciais, com espaço para evolução de mix de produtos e expansão da base de clientes", afirmou a CSN em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os analistas do Credit Suisse Caio Ribeiro e Gabriel Galvão afirmaram em relatório que uma nova fábrica de cimento custa cerca de 250 dólares a tonelada, o que colocaria o investimento necessário para uma usina do tamanho da Elizabeth em cerca de 325 milhões de dólares, ou 1,6 bilhão de reais.
"Portanto, a transação parece relativamente mais atraente do ponto de vista de custo e também porque crescimento orgânico poderia levar vários anos para ser obtido", disseram os analistas. Eles acrescentaram que a transação eleva a posição da CSN da sexta para a quinta posição entre os maiores produtores de cimento do Brasil, além de permitir a entrada da CSN no mercado do Nordeste. Atualmente a empresa tem suas operações concentradas no Sudeste.
As ações da CSN exibiam queda de 2,7% às 12h40, enquanto o Ibovespa recuava 0,7%.
O fechamento da operação está sujeito a condições precedentes usuais em operações desta natureza, inclusive a aprovação de autoridades concorrenciais.
A agência de classificação de risco Moody's afirmou que a aquisição é positiva para a CSN porque vai diversificar fluxo de caixa sem afetar a liquidez da empresa.
A CSN tinha 18,2 bilhões de reais em caixa no final do primeiro trimestre. A Moody's afirmou que aquisição poderá ser "auto-financiada", considerando a oferta pública inicial de ações (IPO) CSN Cimentos.
A CSN Cimentos deve precificar o IPO até o final do ano, afirmaram fontes à Reuters. JPMorgan Chase e Bradesco devem ser os assessores da operação.
O grupo, que também atua em siderurgia e produção de minério de ferro, concluiu mais cedo neste ano a listagem da CSN Mineração, que atualmente tem um valor de mercado de 100 bilhões de reais.
Na véspera, a agência de classificação de risco S&P elevou a nota de crédito da CSN de "B+" para "BB", com perspectiva positiva, o que indica que uma nova melhoria na nota no curto prazo é possível. A agência citou que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da CSN vai dar um salto para de cerca de 25 bilhões de reais este ano versus 10 bilhões em 2020.
(Por Paula Arend Laier e Tatiana Bautzer, edição Alberto Alerigi Jr.)
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