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Fluxo limita alta do dólar em meio a tese de "grande rotação" global

10/02/2022 17h12

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta contra o real nesta quinta-feira, com investidores demandando a segurança da moeda norte-americana em meio a quedas nos mercados em Wall Street, após dados de inflação nos EUA turbinarem apostas de aumentos mais vigorosos nos juros por lá.

Ainda assim, o mercado de câmbio aqui --e no mundo emergente em geral-- não mostrou corrida por compra de dólar, em parte pela continuação de fluxos para classes de ativos em que investidores enxergam mais oportunidades de ganhos, como moedas de países que já estão em processo de aperto monetário.

O dólar à vista terminou o pregão com ganho de 0,24%, a 5,2393 reais. A cotação oscilou entre 5,2517 reais (+0,47%) e 5,1741 reais (-1,01%).

Mesmo que com menor vigor do que mais cedo, moedas emergentes pares do real ainda lideravam os ganhos nos mercados globais de câmbio nesta sessão, com destaque para os vizinhos sol peruano e peso chileno, em que perspectivas para as taxas de juros também faziam preço.

O dólar de forma geral tomou algum fôlego na parte da tarde, sobretudo depois de uma autoridade do banco central norte-americano defender alta de até 1 ponto percentual do juro até julho. Ainda assim, a moeda na prática apenas devolveu as perdas de mais cedo, sem forças para construir altas mais fortes, a despeito de dados de inflação mais expressivos nos EUA.

A tese da grande rotação explica essa dinâmica, segundo Rogério Braga, sócio diretor e responsável pela gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas.

"Você tem fluxos que saem da tese de crescimento para teses de valor --ou seja, de ativos que perdem mais com alta da taxa de juros para ativos que perdem menos--, e isso tem beneficiado tanto o real quanto a bolsa brasileira", afirmou.

"O Brasil tem tido desempenho superior, as commodities têm bastante peso por aqui e elas seguem valorizadas. Ainda acho que há espaço na bolsa, pelo menos, para mais benefício vindo dessa rotação global de fluxos", acrescentou.

O ingresso líquido de não residentes para ações negociadas na B3 já se aproxima de 40 bilhões de reais, conforme dados da bolsa. Quanto mais fluxo estrangeiro novo para o mercado acionário local, maior a oferta de dólar e, portanto, mais pressão de baixa sobre a moeda norte-americana.

Na quarta-feira, dados do Banco Central mostraram que entre 27 de janeiro e 4 de fevereiro (último dado disponível) o Brasil recebeu em termos líquidos 8,181 bilhões de dólares em moeda estrangeira, com ingressos massivos pela conta financeira --por onde passam fluxos para portfólio, entre outros-- de 7,773 bilhões de dólares. No acumulado do ano, já são 5,725 bilhões de dólares em dinheiro novo no país.