Dólar caminha para 6° recuo semanal seguido com ambiente doméstico atrativo
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar tinha queda nesta sexta-feira, a caminho de registrar sua sexta desvalorização semanal consecutiva frente ao real, em meio à percepção de juros domésticos atrativos, enquanto investidores do mundo todo monitoravam o noticiário em torno dos atritos entre Rússia e Ucrânia.
Às 10:28 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,46%, a 5,1429 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda caiu 0,64%, a 5,1339 reais.
Na B3, às 10:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,60%, a 5,1505 reais.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, disse à Reuters enxergar esse movimento como um ajuste em relação à alta acentuada registrada pelo dólar na quinta-feira, de 0,74%, o maior ganho diário desde 24 de janeiro (0,90%).
De acordo com ela, a valorização do dólar na véspera foi um movimento pontual de cautela em meio à escalada nas tensões entre Rússia e Ocidente sobre a Ucrânia e não condiz com o cenário favorável ao real, que ostenta neste ano o posto de melhor desempenho entre as principais divisas globais.
Com a queda desta sessão, o dólar ficava a caminho de cair 1,91% em relação ao fechamento da última sexta-feira, o que marcaria sua sexta semana seguida no vermelho em relação ao real --igualando-se, assim, à série finda no começo de maio de 2021.
Até agora em 2022, a divisa dos Estados Unidos já cai 7,73% no mercado de câmbio doméstico.
Parte disso se deve ao patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 10,75%, que deve subir ainda mais ao longo das próximas reuniões de política monetária do Banco Central, embora a autarquia tenha sinalizado uma desaceleração na magnitude de seus ajustes.
"Alguns participantes do mercado já esperam juro de 13% (ao fim do ciclo de aperto monetário), uma das taxas mais elevadas do mundo", disse Argenta. "Mesmo que a inflação encerre o ano em 6%, ainda teremos um dos juros reais mais altos do planeta; nos Estados Unidos, enquanto isso, a taxa de juros real ainda é negativa", lembrou a economista.
Rendimentos reais mais altos em determinado país tendem a atrair recursos de investidores para a renda fixa, o que, consequentemente, pode ajudar na valorização da moeda local.
Além da Selic atrativa para estrangeiros, Argenta apontou a recente flexibilização da política monetária da China --segunda maior economia do mundo e principal parceira comercial do Brasil-- como fator que pode explicar o interesse de investidores pelo real neste início de ano, já que a atividade doméstica pode se beneficiar de estímulos no país asiático.
Os atritos na fronteira da Ucrânia, embora tenham desencadeado ondas pontuais de aversão a risco nos mercados globais, também podem acabar trabalhando a favor dos ativos brasileiros, disse a economista.
A Ucrânia é importante produtora de milho, e eventual escalada nas tensões geopolíticas que interrompa a produção do país europeu pode elevar o interesse de investidores internacionais pela produção brasileira da commodity, defendeu Argenta. O Brasil é um dos principais produtores mundiais do grão.
Nesta sexta-feira, o noticiário em torno da tensão no leste europeu continuava impondo cautela, devido a relatos de fortes bombardeios.
Mas a disposição do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, de se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, levantou esperanças de uma saída diplomática para a crise, representando alívio para ativos arriscados, disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
No exterior, o dólar tinha pouca alteração contra uma cesta de moedas fortes, acompanhado estabilização nos rendimentos dos títulos soberanos dos EUA.
(Edição de José de Castro)
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