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Estoque de crédito no Brasil fica estável em janeiro; inadimplência sobe

24/02/2022 13h10

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O estoque total de crédito no Brasil começou o ano em estabilidade, desempenho que o Banco Central apontou como natural para janeiro, mas a inadimplência aumentou pela primeira vez em oito meses em meio a alta do custo dos empréstimos, mostrou relatório da autarquia divulgado nesta quinta-feira.

O saldo do crédito ficou em 4,671 trilhões de reais no mês passado, correspondente a 53,3% do Produto Interno Bruto (PIB), estável na comparação com dezembro.

No período, o crédito para as empresas caiu 1,5%, refletindo queda sazonal da demanda por linhas como desconto de duplicata e antecipação de fatura de cartão, com maior peso. Já o crédito às famílias aumentou 1%, mesmo com a nova alta da taxa média de juros, que chegou a 29,5% para as pessoas físicas, ante 28,6% no mês anterior.

As taxas cobradas pelos bancos dos tomadores de empréstimo têm aumentado continuamente ao longo do último ano, acompanhando a alta da taxa Selic pelo BC, mas a inadimplência não vinha mostrando alteração. Em janeiro, esse indicador aumentou para 2,5%, de 2,3% em dezembro, na primeira alta desde maio do ano passado.

Considerando apenas o crédito livre, em que as taxas são pactuadas sem a interferência do governo, a inadimplência também aumentou 0,2 ponto percentual, para 3,3%, primeiro acréscimo desde novembro.

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, ponderou que, apesar das variações, as taxas de inadimplência seguem "extremamente baixas". "Isso é um primeiro aumento depois de vários meses estáveis, a gente não sabe se isso é um ponto ou alguma reversão de trajetória", afirmou.

Os dados do BC mostraram, ainda, que o endividamento das famílias bateu novo recorde em novembro, chegando a 51,9%, de 51,2% em outubro. O dado compara o saldo das dívidas das famílias com a renda acumulada em 12 meses, informação fornecida pelo IBGE com defasagem. Já o comprometimento da renda com o pagamento do serviço da dívida ficou estável em 27,9%.

(Por Isabel Versiani e Camila Moreira)