Ibovespa afunda 2% após ataque russo à Ucrânia
Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira tinha firme recuo nesta quinta-feira, à medida que os ativos globais reagiam ao avanço da Rússia sobre a Ucrânia.
Bolsas tinham forte queda nos Estados Unidos e despencavam na Europa, enquanto o petróleo Brent voltou a casa dos 100 dólares o barril.
Em percentual, ações de empresas dos setores de saúde, aéreo e turismo e de tecnologia estavam entre as maiores quedas do Ibovespa. Petrolíferas subiam e SulAmerica disparava, após acerto para venda da companhia à Rede D'Or.
Às 11:35, o Ibovespa caía 2,17%, a 109.580,49 pontos. O volume financeiro da sessão era de 10,6 bilhões de reais.
O presidente russo, Vladimir Putin, autorizou o que chamou de operação militar especial na Ucrânia, no que pode ser o início de uma guerra na Europa devido às exigências da Rússia pelo fim da expansão da Otan para o leste. O governo ucraniano acusou Moscou de lançar uma invasão em escala total.
"Essas estão entre as horas mais sombrias da Europa desde a Segunda Guerra Mundial", disse o chefe de relações exteriores da União Europeia.
Em resposta, os Estados Unidos e seus aliados prometeram novas sanções contra a Rússia, após semanas de esforços diplomáticos sem sucesso. Além disso, o Conselho de Segurança Nacional norte-americano se reúne pela manhã.
Uma representante da União Europeia disse que as medidas vão atingir severamente a economia russa, aumentando a inflação e erodindo gradualmente sua base industrial.
Ativos russos e mesmo de empresas com operações ligadas ao país desabavam pelo temor dos efeitos das medidas a serem impostas.
O vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão defendeu nesta quinta-feira o uso da força para conter a invasão russa da Ucrânia e afirmou que o Brasil já se colocou contra o ataque ao defender, na Organização das Nações Unidas, os princípios de não intervenção e soberania das nações.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN subia 1,6% e ON avançava 2,8%, diante da alta do petróleo, com tensões na Ucrânia exacerbando as preocupações sobre interrupções no fornecimento global de energia. Contrato do Brent operava acima de 100 dólares, o que não ocorria desde 2014. A empresa divulgou na véspera lucro líquido de 31,5 bilhões de reais no quarto trimestre e pagamento recorde de dividendos. PETRORIO ON subia 4,1% e 3R PETROLEUM ON avançava 5,4%.
- AZUL PN caía 6%, dado o impacto da ofensiva russa na operação de companhias aéreas e nos preços de combustíveis. Além disso, a empresa divulgou prejuízo líquido de 945,7 milhões de reais no quarto trimestre, com efeito de despesas financeiras, embora o resultado operacional tenha superado as previsões de analistas. CVC BRASIL ON cedia 6,1% e GOL PN recuava 4,4%.
- SULAMERICA UNIT disparava 11,4%, após a Rede D'Or acertar a compra da companhia, em operação que avalia a seguradora em 13 bilhões de reais. Além disso, a companhia também divulgou resultados. REDE D'OR ON desabava 9,5%. QUALICORP ON afundava 12,1%.
- INTER UNIT tinha decréscimo de 7,6%, sexta queda consecutiva, enquanto MÉLIUZ ON perdia 6,5% e POSITIVO ON desvalorizava-se 5,7%.
- AMBEV ON caía 2%, TIM ON perdia 1%, assim como ULTRAPAR ON, e MINERVA ON recuava 0,9%, após divulgarem resultados trimestrais. Crise na Ucrânia derrubava grande parte do mercado e camuflava reação dos investidores aos balanços de algumas empresas. GPA ON avançava 0,6%, depois de alta no lucro no último trimestre.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 2,9%, BRADESCO PN recuava 3,5%, BANCO DO BRASIL ON tinha queda de 2,8% e SANTANDER BRASIL UNIT perdia 3,3%.
- VALE ON caía 2,4% e siderúrgicas cediam, após o preço do minério de ferro fechar em tímida alta na China.
- SUZANO ON avançava 0,6%, impactada positivamente pela alta do dólar. Outras ações "vitoriosas" da sessão eram ligadas ao agronegócio. A SLC AGRÍCOLA ON, que não está no Ibovespa, ganhava 6,2% com a disparada nos preços dos grãos por causa da crise na Ucrânia.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
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