Europa deveria usar política fiscal, e não monetária, para lidar com guerra na Ucrânia, diz FMI
BRUXELAS (Reuters) - Os governos europeus deveriam lidar com as consequências econômicas da guerra na Ucrânia por meio da política fiscal, para permitir que a política monetária se normalize diante da inflação elevada, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta sexta-feira.
Em sua perspectiva econômica regional para a Europa, o FMI disse que a guerra prolongada na Ucrânia aumentará o número de refugiados que se deslocam para o continente, agravará os gargalos na cadeia de suprimentos, elevará as pressões sobre a inflação e aprofundará as perdas de produção.
O maior risco, disse o órgão, é a Rússia parar repentinamente de fornecer petróleo e gás para a Europa, levando a perdas significativas de produção, especialmente nas regiões Central e Oriental.
O relatório disse que, para a União Europeia como um todo, uma interrupção completa de todas as importações russas de petróleo e gás pode significar uma perda de 3% do PIB em 2023, com impacto individual diferente de acordo com o grau de dependência das importações russas.
"A política fiscal é mais adequada do que a política monetária para lidar com os novos choques", disse o relatório do FMI.
"Estabilizadores fiscais automáticos devem ser autorizados a operar livremente, enquanto gastos adicionais são alocados para apoio humanitário a refugiados e para transferências para famílias de baixa renda e empresas vulneráveis, mas viáveis", afirmou o Fundo.
"Com a inflação muito acima das metas, a política monetária deve manter o rumo da normalização", acrescentou o FMI.
"O ritmo de retirada do estímulo monetário deve variar de acordo com as circunstâncias econômicas, avançando mais rapidamente onde as expectativas de inflação correm o risco de se desancorar. É importante ressaltar que os formuladores de política monetária devem evitar o surgimento de espirais preços-salários", disse o FMI.
O FMI projetou nesta semana que, por causa da invasão russa da Ucrânia, o crescimento econômico nos 19 países que compartilham o euro será de 2,8% em 2022, 1,1 ponto percentual abaixo da previsão de janeiro.
(Por Jan Strupczewski)
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