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Cade aprova compra do Grupo BIG por Carrefour Brasil com restrições

O Carrefour Brasil, unidade local da gigante francesa de varejo Carrefour, anunciou em março passado a aquisição do Grupo BIG por cerca de 7,5 bilhões de reais - Getty Images
O Carrefour Brasil, unidade local da gigante francesa de varejo Carrefour, anunciou em março passado a aquisição do Grupo BIG por cerca de 7,5 bilhões de reais Imagem: Getty Images

Alberto Alerigi Jr.

25/05/2022 11h40

SÃO PAULO (Reuters) -O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira a compra de lojas do Grupo BIG pelo maior varejista do país, Carrefour Brasil, com restrições previamente acordadas pelas empresas junto ao órgão antitruste.

A decisão foi unânime, com os conselheiros Lenisa Rodrigues Prado, Luis Henrique Bertolino Braido, Gustavo Augusto Freitas de Lima e Sérgio Costa Ravagnani acompanhando o voto do relator Luiz Augusto Hoffmann.

O relator afirmou que não foram identificadas preocupações concorrenciais nos mercados de atacado de distribuição e postos de revenda de combustíveis. Mas no segmento de atacarejo, que tem o Assaí como principal rival do Carrefour Brasil, o negócio "tem potencial de gerar exercício de poder de mercado em nove localidades diferentes".

Por meio da bandeira Atacadão, o Carrefour Brasil é a maior rede de atacarejo do país, enquanto o BIG é a terceira maior, segundo o Cade.

Os remédios anunciados nesta quarta-feira incluem a venda de lojas de atacarejo em nove cidades do Sul e Nordeste do país, incluindo Gravataí (RS), Maceió, Olinda e Recife.

Segundo o Carrefour Brasil, o acordo inclui a venda de 14 lojas, das quais 11 são hipermercados ou atacarejos. As vendas podem ocorrer após a conclusão da operação. A companhia afirmou que as lojas representam 3,6% do parque total e 6% da receita do Grupo BIG em 2021, ante recomendação da superintendência do Cade de cerca de 10% das lojas.

Além disso, Carrefour Brasil e Big terão que "preservar a viabilidade, atratividade e competitividade das lojas objeto do remédio estrutural até que o desinvestimento seja concluído". As empresas também não poderão recomprar as lojas vendidas por um prazo, que não foi informado.

O Cade também determinou que as companhias notifiquem a autarquia sobre qualquer operação envolvendo supermercados, hipermercados, atacarejos e clubes de compras, "ainda que elas não atinjam os parâmetros de notificação obrigatória".

Em janeiro, a superintendência do Cade já tinha recomendado a aprovação da transação, condicionando o negócio à venda de parte das lojas de atacarejo.

O Carrefour Brasil, unidade da gigante francesa de varejo Carrefour, anunciou em março passado a aquisição do Grupo Big por cerca de 7,5 bilhões de reais.

A transação envolveu 387 lojas detidas ou operadas pelo Big. O Carrefour Brasil terminou o primeiro trimestre com um parque de 779 pontos de venda, sendo 252 da marca Atacadão.

No começo do mês o presidente-executivo do Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire, disse esperar um efeito positivo "muito forte" nas margens de lucro das lojas do Big após a conversão delas para os formatos do grupo e que as sinergias esperadas são maiores que as esperadas no anúncio da operação.

O Carrefour Brasil afirmou ainda que a conclusão da operação ainda depende do cumprimento de "determinadas condições precedentes previstas no contrato".

A aprovação do Cade ocorre num momento de forte expansão do atacarejo no país, em meio à crise econômica que tem corroído o poder de compra da população. Esse crescimento motivou o Assaí a comprar 71 hipermercados Extra do GPA e convertê-los para o formato de atacarejo, em um negócio de 5,2 bilhões de reais anunciado em outubro passado.

(Por Alberto Alerigi Jr.; edição Aluísio Alves)