BCE avalia aumento maior dos juros com rede de segurança para países endividados
Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - As autoridades do Banco Central Europeu estão considerando aumentar os juros em 0,50 ponto percentual, mais do que o esperado, em sua reunião de quinta-feira para domar a inflação recorde, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento da discussão.
Para amortecer o impacto dos custos de empréstimo maiores, eles também devem anunciar um acordo para ajudar países endividados como a Itália no mercado de títulos. O acordo exigirá que eles cumpram as regras da Comissão Europeia sobre reformas e disciplina orçamentária, disseram as fontes.
O BCE deverá anunciar seu primeiro aumento dos juros em mais de uma década na quinta-feira, diante de um cenário econômico difícil exacerbado pela guerra na Ucrânia. A inflação está alta e continua aumentando, enquanto o crescimento econômico diminuiu e uma crise política na Itália está mantendo os investidores nervosos.
Essa dinâmica cria um ato de equilíbrio para o BCE, entre aumentar os juros para conter o crescimento dos preços e garantir que os mais endividados dos 19 países membros da zona do euro não se deparem com problemas financeiros como resultado.
As fontes, que falaram sob condição de anonimato porque as deliberações são privadas, disseram que a discussão sobre o aumento dos juros em 0,25 ou 0,50 ponto percentual ainda está muito aberta.
Outros grandes bancos centrais têm elevado os juros em incrementos maiores, como 0,75 ou mesmo 1 ponto, aumentando a pressão sobre o BCE para fazer mais.
Mas o risco de uma recessão na zona do euro, particularmente se a Rússia fechar as torneiras para o fornecimento de gás natural, deixou alguns membros do BCE mais cautelosos quanto ao crescimento, disseram as fontes.
Um porta-voz do BCE recusou-se a comentar, citando o período de silêncio pré-reunião do banco.
O BCE disse em 9 de junho, após sua última reunião, que iria aumentar os juros gradualmente, provavelmente em 0,25 ponto em julho, com um movimento maior possível em setembro.
Mas a chefe do BCE, Christine Lagarde, disse mais tarde que havia "condições claras em que o gradualismo não seria apropriado".
A inflação da zona do euro atingiu 8,6% no mês passado e deve continuar aumentando, impulsionada pelo aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos. Ela então deve desacelerar lentamente, mas pode permanecer acima da meta de 2% do BCE até 2024, levantando o risco de que os salários sigam o movimento, desencadeando uma espiral salários-preços difícil de quebrar.
CONDIÇÕES
Os membros do BCE também anunciarão um novo esquema de compra de títulos na quinta-feira, com o objetivo de limitar os custos de empréstimo dos países membros quando eles forem considerados fora de sincronia com a realidade econômica - como aconteceu no início de junho na Grécia, Itália, Espanha e Portugal.
Este programa é considerado agora ainda mais crucial, uma vez que o governo de Mario Draghi na Itália está por um fio, aumentando as chances de eleições antecipadas nas quais os Irmãos da Itália, de extrema-direita, podem emergir como o maior partido, de acordo com pesquisas recentes.
Tal turbulência política na Itália provavelmente provocaria um forte aumento no rendimento dos títulos do país.
O BCE provavelmente condicionará a ajuda ao cumprimento das metas estabelecidas pela Comissão Europeia para garantir o dinheiro do Mecanismo de Recuperação e Resiliência da União Europeia, dizem as fontes.
Elas acrescentaram que os países também precisarão permanecer dentro das restrições orçamentárias do Pacto de Estabilidade e Crescimento quando forem reintegrados no próximo ano após a suspensão devido à pandemia, disseram as fontes.
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