Dólar devolve ganhos com mercado de olho em BCs; tensão política doméstica segue no radar
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar devolveu ganhos iniciais e passava a cair contra o real nesta quarta-feira, mas mostrava alguma instabilidade conforme investidores internacionais aguardavam decisões de política monetária de grandes bancos centrais e seguiam de olho nas perspectivas energéticas da Europa, enquanto o noticiário político tenso no Brasil limitava o apetite por risco.
Às 10:27 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,22%, a 5,4075 reais na venda. A moeda apresentava volatilidade, e trocou de sinal algumas vezes durante as negociações da manhã, indo de 5,4544 reais no pico do dia (+0,64%) para 5,3897 reais na mínima (-0,55%).
Na B3, às 10:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,13%, a 5,4210 reais.
O afastamento do dólar em relação às máximas do dia frente ao real acompanhou arrefecimento da moeda norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de rivais fortes rondava a estabilidade, devolvendo ganhos iniciais e seguindo abaixo de picos em duas décadas atingidos na semana passada.
Uma reportagem da Reuters segundo a qual o fornecimento de gás russo para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1 deve ser reiniciado a tempo nesta semana, segundo fontes, aliviou algumas preocupações sobre o fornecimento de energia no continente.
Mas participantes do mercado apontavam para negociações instáveis nos mercados financeiros globais, à medida que aguardavam a conclusão, na quinta-feira, de uma reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que deve subir os juros pela primeira vez em mais de uma década, possivelmente em ritmo mais intenso do que o inicialmente estimado.
Também há expectativas sobre a reunião da semana que vem do Federal Reserve, banco central dos EUA, que provavelmente repetirá aumento de 0,75 ponto percentual em sua taxa básica. Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Invest, disse que a manutenção de alguma dúvida sobre a trajetória de política monetária do Fed pode manter um clima cauteloso nos mercados de câmbio.
Apesar da leve queda desta manhã, o dólar ainda está sendo negociado em patamares elevados, principalmente em comparação com o início deste ano. A divisa está mais de 17% acima da mínima para fechamento de 2022, de 4,6075 reais, atingida no começo de abril.
"Acredito que, se o dólar passar de 5,50 reais, o Banco Central possa intervir no câmbio com leilões diretos, porque não quer também que a inflação suba tanto", disse Moretti, lembrando que uma depreciação do real tende a colaborar para as pressões de preços. O IPCA acumulava alta de 11,89% nos 12 meses até junho, segundo os dados mais recentes do IBGE.
Nesta quarta-feira, o BC realizará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional, mas a operação é para rolagem do vencimento de 1° de setembro de 2022.
Um retorno do dólar aos níveis abaixo de 5 reais vistos durante boa parte do início deste ano parece improvável, afirmou Moretti, com incertezas domésticas exacerbando um exterior já arisco.
"O risco-país já sobe por ser ano de eleição, e o (presidente Jair) Bolsonaro acaba prejudicando ainda mais a tensão", disse ele.
Repercutiram nos mercados domésticos nesta semana declarações de Bolsonaro, pré-candidato à reeleição, em reunião com embaixadores estrangeiros, em que voltou a fazer críticas sem embasamento ao processo eleitoral brasileiro. Na esteira dos comentários, agentes políticos e órgãos públicos pediram por investigação do presidente.
Uma medida do custo de proteção contra calote da dívida soberana brasileira fechou a terça-feira em 313,20 pontos-base, permanecendo perto de seus níveis mais altos desde maio de 2020.
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