Empresários e banqueiros lançam manifesto pela democracia
Banqueiros e empresários assinaram nesta terça-feira (26) um amplo manifesto a favor da democracia e do sistema de votação brasileiro no qual, sem citar nominalmente o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), apontam a existência de um "imenso perigo para a normalidade democrática".
No documento, os signatários mencionam ainda "ataques infundados e desacompanhados de provas" contra o sistema eleitoral e "insinuações de desacato ao resultado das eleições".
Juristas, professores e personalidades endossam o texto organizado pela Faculdade de Direito da USP, em que há também a inusual adesão de gigantes do setor empresarial, um termômetro das tensões que cercam a campanha para as eleições de outubro.
Quem assina a carta
Entre os signatários, estão:
- Roberto Setubal, co-presidente do Conselho do Itaú Unibanco e membro de uma das famílias controladoras do maior banco privado do país;
- Horacio Lafer Piva, conselheiro da Klabin;
- Eduardo Vassimon, presidente do Conselho do Grupo Votorantim;
- Guilherme Leal, copresidente do Conselho da Natura&Co;
- Walter Schalka, presidente da Suzano.
- Frederico Trajano, presidente-executivo da Magazine Luiza, também assinou o documento, de acordo com a sua assessoria de imprensa.
"Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos. Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições", afirmam os signatários do manifesto.
Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais Poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional."
Trecho do manifesto
Ataques contra as urnas
Com frequência, Bolsonaro lança alegações falsas e suspeitas sem base contra o sistema eletrônico de votação e também ataca membros do Poder Judiciário, como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. O presidente também tem se recusado a responder se aceitará o resultado da eleição caso seja derrotado nas urnas.
Para Guilherme Leal, da Natura&Co, "o questionamento das urnas é inaceitável".
"Em um momento tão crítico como o atual, devemos, como cidadãos, nos manifestar pela defesa incondicional da democracia e do processo eleitoral, condição básica para o desenvolvimento de nossa sociedade. Só a democracia permite o diálogo necessário para a construção de um país mais próspero e inclusivo", acrescentou Leal.
Bolsonaro aparece atualmente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de outubro, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as sondagens com folga.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, comentou a carta em uma publicação no Twitter, em que afirmou que "agora os banqueiros podem até assinar manifestos contra o presidente pois sabem que não serão perseguidos", em referência ao fato de o Banco Central ter se tornado independente.
No manifesto, as lideranças empresariais também expressam confiança no sistema eleitoral.
"Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral", afirmam.
Os signatários prometem ainda, ao final do manifesto, combater tentativas de abalar o Estado Democrático de Direito.
"Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática", afirmam.
"No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito sempre!"
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.