Governo melhora projeção do PIB em 2022 para alta de 2,7% e mantém visão otimista para 2023
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia melhorou nesta quinta-feira a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica em 2022, mantendo estimativa de atividade resiliente no ano que vem, em visão mais otimista do que a observada no mercado.
Pela nova previsão, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 2,7% neste ano, contra 2,0% estimados em julho. Para 2023, a pasta manteve a perspectiva de crescimento em 2,5%, muito acima das previsões de mercado, apesar do agressivo aperto monetário implementado pelo Banco Central para conter a inflação.
No documento distribuído nesta quinta, a SPE afirmou que a melhora na previsão para a atividade de 2022 foi motivada principalmente pelo resultado do PIB do segundo trimestre, que surpreendeu positivamente ao crescer 1,2% em relação ao trimestre anterior. Segundo a pasta, indicadores já divulgados também apontam tendência positiva para o terceiro trimestre.
"O crescimento da atividade é reflexo do aumento do emprego, do desempenho do setor de serviços e da elevação da taxa de investimento", afirmou a pasta em seu Boletim Macrofiscal.
De acordo com o secretário de Política Econômica, Pedro Calhman, o impacto do aperto monetário está incluído nos números apresentados pelo ministério. Ele avaliou que o efeito mais forte da alta da taxa Selic será observado no segundo semestre deste ano, argumentando que o cenário também incorpora a expectativa do mercado para o nível de juros em 2023.
A visão de analistas para o PIB, segundo o mais recente boletim Focus, do Banco Central, aponta para um crescimento de 2,39% neste ano, recuando para apenas 0,5% em 2023.
INFLAÇÃO EM QUEDA
Em relação à inflação medida pelo IPCA, a previsão da equipe econômica caiu para 6,3% em 2022, contra 7,2% da projeção feita em julho. Para 2023, a estimativa foi mantida em 4,5% mesmo após o governo sinalizar que manterá cortes de tributos no ano que vem.
De acordo com projeção do mercado apresentada no boletim Focus, o IPCA deve encerrar 2022 em 6,4%, ligeiramente acima do estimado pelo governo. Para 2023, a projeção de mercado está em 5,17%, maior que a estimativa oficial.
O centro da meta de inflação é de 3,5% neste ano e 3,25% no próximo, nos dois casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
A maior parte das medidas adotadas pela gestão Jair Bolsonaro neste ano eleitoral, com cortes de tributos sobre combustíveis e benefícios sociais turbinados, tem validade apenas até dezembro. Em meio à campanha, porém, o governo já indicou a intenção de manter as ações em 2023.
Iniciativa de impacto relevante sobre a inflação, o corte temporário de tributos federais sobre combustíveis, que seria encerrado no fim deste ano, já foi incluído no projeto de Orçamento de 2023 a um custo que supera 50 bilhões de reais. Portanto, o impulso inflacionário que seria observado em janeiro com o retorno da tributação não deve mais ocorrer.
No entanto, para o subsecretário de Política Macroeconômica da pasta, Fausto Vieira, cálculos internos indicam que esse efeito sobre a inflação no ano que vem seria pequeno.
Analistas e o Banco Central também têm apontado que riscos fiscais podem pressionar a inflação. Entre as incertezas, estão as promessas de Bolsonaro --e também do petista Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as intenções de voto para a Presidência-- de manter o Auxílio Brasil de 600 reais no ano que vem, em vez de permitir o retorno do benefício a 400 reais, e corrigir a tabela do Imposto de Renda. O governo ainda não apresentou formalmente as fontes de custeio desses programas.
Na revisão das projeções, a estimativa para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que é usado para corrigir o salário mínimo e outras despesas do governo, ficou em 6,54% para este ano, contra 7,41% antes. Em 2023, a estimativa foi mantida em 4,86%.
As previsões apresentadas nesta quinta serão usadas como base para os cálculos do relatório bimestral de receitas e despesas, a ser divulgado na próxima semana, que avalia o cumprimento da meta fiscal e do teto de gastos.
Uma atividade mais aquecida reflete nas contas do governo ao impulsionar a arrecadação tributária, gerando uma melhora do resultado primário. Os recordes registrados até o momento nas receitas federais vêm sendo usados como argumento pela equipe econômica para dar aval aos cortes tributários e ao pacote para turbinar benefícios sociais em ano eleitoral.
No documento, a secretaria ponderou que riscos globais externos devem ser monitorados, sobretudo a desaceleração do crescimento global e os impactos da guerra na Ucrânia.
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