Ações da Petrobras ganham fôlego após declarações de Prates sobre preços
Por Paula Arend Laier
(Reuters) - As ações da Petrobras firmavam-se em alta nesta quarta-feira, com as preferenciais subindo mais de 3%, após o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo novo governo para o comandar a petrolífera de controle estatal, afirmar que não haverá intervenção nos preços dos combustíveis.
As declarações não foram exatamente novidade, mas serviam como argumento para a melhora dos papéis após quedas seguidas e sensibilidade de agentes financeiros ao tema.
Antes da fala de Prates, os papéis vinham mostrando variações modestas, em sessão marcada pela renúncia do presidente-executivo, um dia após o governo informar ao conselho de administração da companhia que Prates será o indicado para a presidência-executiva da companhia.
Por volta de 15:10, Petrobras PN subia 3,45%, a 23,11 reais, e Petrobras ON avançava 2,17%, a 26,36 reais, enquanto o Ibovespa mostrava acréscimo de 1,21%.
De acordo com a agência Bloomberg, Prates afirmou que não haverá desvinculação dos preço internacional, tampouco interferência direta nos preços de combustíveis. Ele acrescentou que a ideia é desvincular preço de paridade de importação (PPI), conforme sinalizado anteriormente pelo executivo.
"Com certeza foi isso que puxou Petrobras", afirmou o gestor de uma empresa ligada a previdência complementar, com sede no Rio de Janeiro.
Informações publicadas pela Agência Estado/Broadcast atribuídas a Prates também foram citadas pelo diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, notadamente a afirmação do CEO de que não irá revogar o mercado e que todo preço tem influência da oscilação internacional.
"A afirmação de Prates de que os preços serão de mercado com influência da oscilação internacional ao invés de um preço 'abrasileirado' como sugerido anteriormente deu grande alivio ao preço das ações da Petrobras', afirmou.
"Não é exatamente uma novidade, mas hoje o mercado acreditou mais", acrescentou, destacando que o movimento ocorre mesmo em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior, com o contrato Brent caindo mais de 4%.
Campos ainda ressaltou que parece que houve uma ação conjunta de membros do governo de ir devagar nas afirmações heterodoxas, incluindo a declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que o governo não está avaliando neste momento revisão de reformas anteriores, incluindo a da Previdência.
O comentário veio um dia depois de o novo ministro da Previdência, Carlos Lupi, ter criticado em seu discurso de posse o que chamou de "antirreforma" da Previdência do governo Jair Bolsonaro, sinalizando que pode discutir mudanças.
Prates já havia dito anteriormente que a política de preços de combustíveis do país irá mudar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas ressaltara na ocasião que isso não significa descolar totalmente os valores pela estatal dos praticados no mercado internacional.
"Quando falamos em extinguir ou parar de usar o PPI como referência, não é que vamos desgarrar o preço completamente do mercado internacional, o país não é louco, não vamos criar uma economia paralela no Brasil", disse no último dia 30, quando Lula anunciou a indicação dele para a presidência da empresa.
Nos dois primeiros pregões do ano, as PNs contabilizaram um declínio de quase 9% e as ON, de cerca de 8%, em meio a preocupações com a estratégia da companhia no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou em discursos o relevante papel da empresa no desenvolvimento do país.
A Petrobras divulgou nesta quarta-feira que o conselho da Petrobras aprovou o encerramento antecipado do mandato de Caio Paes de Andrade como presidente da companhia e nomeou o diretor de Desenvolvimento da Produção, João Henrique Rittershaussen, para ocupar o cargo interinamente.
Na véspera, fontes disseram à Reuters que Andrade havia renunciado ao cargo de presidente da Petrobras.
Em paralelo, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou nesta terça-feira ao conselho da Petrobras que Prates será o indicado para exercer o cargo de presidente e membro do colegiado da empresa. A indicação oficial será formalizada após os trâmites na Casa Civil da Presidência da República.
Analistas têm adotado uma visão cautelosa sobre a empresa, diante de possíveis mudanças na estratégia de longo prazo e dúvidas sobre sua futura alocação de capital, bem como acerca das políticas de dividendos e preços de combustíveis, não descartando aumento na volatilidade dos papéis.
Desde a eleição de Lula em 30 de outubro, as PNs da Petrobras acumulam queda em torno de 19% e as ONs da companhia cedem cerca de 17%, distante das suas máximas históricas intradia de 33,59 reais e 37,43 reais, respectivamente, apuradas também em outubro do ano passado.
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