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Lula e Fernández defendem debate sobre moeda comum na América do Sul

Visita à Argentina é a primeira viagem internacional de Lula (à dir., PT) desde que tomou posse - Reprodução/Twitter
Visita à Argentina é a primeira viagem internacional de Lula (à dir., PT) desde que tomou posse Imagem: Reprodução/Twitter

Lisandra Paraguassu

22/01/2023 17h55

Um artigo assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) junto com o presidente argentino, Alberto Fernández, comemora a primeira visita do brasileiro a Buenos Aires desde sua eleição como uma volta da relação estratégica entre os dois países, com foco na integração econômica, inclusive com o desenvolvimento de uma moeda regional para uso comercial.

Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais.
Texto publicado no site argentino Perfil

A ideia da moeda comum foi levantada originalmente em artigo escrito em 2022 por Fernando Haddad e Gabriel Galípolo — hoje ministro da Fazenda e secretário-executivo do ministério, respectivamente — e chegou a ser citada por Lula durante a campanha.

A visita a Argentina neste domingo (22) é a primeira viagem internacional do presidente desde que tomou posse, cumprindo um rito brasileiro de privilegiar o maior parceiro comercial da região, depois de quatro anos de relações estremecidas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

A ida de Lula à Argentina também vai marcar o retorno do Brasil à Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), grupo que o país abandonou em 2019, por ordem de Bolsonaro, que rechaçou participar do grupo regional em que estavam Cuba e Venezuela

Os dois presidentes também ressaltam a necessidade de uma boa relação entre Argentina e Brasil para alavancar a integração regional.

Em meio à crise que atravessa o Mercosul — que, entre pressões brasileiras para mudanças em tarifas e tentativas do Uruguai de fazer acordos econômicos fora do bloco, passou os últimos quatro anos sem avanço —, os dois presidentes fazem uma defesa enfática do sistema e da necessidade dos acordos fechados em conjunto.

"Juntamente com os nossos sócios, queremos que o Mercosul constitua uma plataforma para a nossa efetiva integração ao mundo, por meio da negociação conjunta de acordos comerciais equilibrados e que atendam aos nossos objetivos estratégicos de desenvolvimento", escrevem os presidentes.

Recentemente, o Uruguai anunciou a intenção de negociar um acordo comercial independente com a China e com a Aliança do Pacífico (bloco formado por Chile, Colômbia, México e Peru), o que é contra as regras do Mercosul. A iniciativa abriu uma crise direta entre os governos argentino e uruguaio, que Lula pretende ajudar a abater.

O governo brasileiro também não vê com bons olhos a iniciativa uruguaia, mas pretende negociar. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o chanceler Mauro Vieira deixa claro que um acordo independente do Uruguai "destruiria" o bloco, mas destaca que é possível negociar.

"Se você negociar fora, destrói a tarifa [externa comum, TEC]. Temos que examinar, porque o Mercosul não é o mesmo da época da [sua] criação. Temos que ver as necessidades de cada um e as assimetrias que existem. Ver o que se pode fazer em termos de algum tipo de concessão", destacou.