Taxas dos contratos de DI caem em dia de ajuste após pessimismo com arcabouço
Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO, 20 Abr (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros recuaram nesta quinta-feira em toda curva a termo, em um movimento de ajuste após o forte avanço da véspera –quando investidores reagiram negativamente ao texto do novo arcabouço fiscal– e em meio ao recuo dos rendimentos dos Treasuries, títulos dos EUA.
Na quarta-feira, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram alta firme, em função das críticas ao arcabouço. A avaliação de alguns economistas de mercado era de que a proposta para as contas públicas traz inconsistências e exime o governo de responsabilidades pelo descumprimento das metas fiscais, além de embutir metas ambiciosas.
Neste cenário, o contrato para janeiro de 2027 subiu 26 pontos-base e o contrato para janeiro de 2029 avançou 29 pontos-base.
Nesta quinta-feira, o movimento foi inverso, com queda das taxas dos DIs, mas não na mesma intensidade.
A avaliação nas mesas era de que as taxas passaram por certo ajuste após o avanço forte da véspera, com alguns investidores também realizando lucros.
Para o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o recuo também significa que o mercado, apesar de não ter gostado do arcabouço, não o considerou um desastre.
“Se o arcabouço é tão ruim, as taxas dos DIs para 2027 e 2029 deveriam subir bem mais do que subiram, inclusive hoje (quinta-feira). Mas eles seguem bem abaixo do que estavam há um mês, na época em que não havia o arcabouço”, pontuou.
Nesta quinta-feira, a taxa do DI para 2027 cedeu 15 pontos-base, enquanto a do DI para 2029 recuou 10 pontos-base.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,23%, ante 13,275% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,97%, ante 12,12%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,79%, ante 11,948% do ajuste anterior e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,945%, ante 12,095%. A taxa do DI para 2020 fechou em 12,34%, ante 12,437%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava apenas 3% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária de maio e 96% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano. De acordo com Faria Júnior, a baixa das taxas dos Treasuries também contribuiu para o viés negativo dos juros futuros no Brasil nesta quinta-feira.
O movimento nos EUA ocorreu em meio à percepção, trazida por números fracos da economia, de que o país pode estar caminhando para uma recessão, o que sustenta a visão de que o Federal Reserve pode fazer uma pausa na alta de juros após a reunião de junho.
As vendas de moradias usadas nos EUA caíram 2,4%, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,44 milhões de unidades em março, informou a Associação Nacional de Corretores de Imóveis. Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 5 mil, para 245 mil, em dado com ajuste sazonal na semana encerrada em 15 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 240 mil pedidos para a última semana.
Às 16:47 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 5,50 pontos-base, a 3,547%.
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