Taxa de desemprego do Brasil fica em 8,5% no tri até abril, menor para o período em 8 anos
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil ficou em 8,5% nos três meses até abril, em resultado abaixo do esperado que marcou o menor nível para o período desde 2015, embora o número de pessoas sem trabalho tenha aumentado.
O resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua ficou ligeiramente acima dos 8,4% vistos no trimestre imediatamente anterior, até janeiro, mas bem abaixo da taxa de 10,5% no mesmo período de 2022.
O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira também foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de uma taxa de 8,7%.
“A taxa ficou estável e com tendência de alta ante o trimestre anterior. O padrão sazonal do trimestre móvel fevereiro-março-abril é de aumento da taxa de desocupação, por meio de uma maior população desocupada, o que não ocorreu desta vez”, destacou Alessandra Brito, analista da pesquisa, em nota.
"A procura não aumentou como esperado em abril, e foi isso que não fez com que a taxa subisse como se esperava", completou.
Analistas avaliam que a taxa de desemprego tende a apresentar à frente uma lenta trajetória de elevação, em meio ao esgotamento do impulso da abertura pós-Covid-19, de uma política monetária restritiva e de uma atividade econômica a passos lentos.
"A composição da Pnad mostra que população ocupada parou de subir, em linha com a desaceleração da atividade. A queda na taxa de desemprego não está se dando pelo avanço da ocupação, mas pela diminuição do número de pessoas procurando emprego. Daqui para a frente, deveremos ver uma redução da taxa de ocupação, refletindo o esfriamento da atividade econômica", avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
No trimestre até abril, o número de desempregados aumentou 1,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, mas recuou 19,9% ante o mesmo período de 2023, alcançando 9,095 milhões de pessoas.
Já o total de ocupados caiu 0,6% sobre os três meses até janeiro, e aumentou 1,6% na comparação anual, com 98,031 milhões de pessoas.
“Essa redução faz parte da tendência sazonal observada na série histórica. Quando se compara abril com janeiro, essa redução tem ocorrido, exceto pelo período da pandemia”, explicou Brito.
Segundo o IBGE, a queda na população ocupada foi puxada pelas atividades de serviços domésticos (-3,3%), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,4%) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (- 1,4%).
A quantidade de trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficou estável, enquanto a dos que não tinham carteira recuou 2,9% nos três meses até abril.
O IBGE destacou ainda que a população fora da força de trabalho aumentou 1,3% na comparação trimestral, somando 67,2 milhões de pessoas. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,5%.
“Este aumento parece ter a ver mais com questões demográficas que com reflexos do mercado de trabalho, uma vez que o contingente de desalentados ou da população na força de trabalho potencial, que fazem parte desta população, apresentou redução no trimestre”, disse Brito.
"Há uma possibilidade sim de pessoas estarem deixando de procurar trabalho por conta de programas assistenciais, mas esse não é o único fator", completou.
A taxa de informalidade foi estimada em 38,9% da população ocupada, o que significa 38 milhões de trabalhadores informais em abril. No trimestre anterior, a taxa era de 39%.
No período, o rendimento real habitual ficou em 2.891 reais, de 2.894 reais no trimestre até janeiro e ante 2.691 reais no mesmo período de 2022, um crescimento de 7,5% nessa comparação.
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