Alta do PIB via agro pode ajudar inflação e facilitar trabalho do BC, avalia equipe econômica
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - Uma alta da atividade econômica puxada pelo agronegócio pode facilitar o trabalho do Banco Central no combate à inflação, avaliaram duas fontes da equipe econômica do governo, com o argumento de que o bom resultado da produção no campo reduz as pressões sobre preços de alimentos.
Com o raciocínio, a equipe econômica amplia o coro no governo em defesa do início dos cortes de juros pelo Banco Central, enquanto a autoridade monetária pede paciência no manejo da taxa básica, em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
“O crescimento veio do agro. Na verdade, é até desinflacionário”, disse uma das autoridades, sob condição de anonimato. “Já dá para ver no IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) de produtos agropecuários, que tem uma influência em alimentação no IPCA, embora o repasse não seja direto e proporcional.”
Na mesma linha, a segunda fonte afirmou que o crescimento do agronegócio é bom para a inflação ao potencialmente gerar uma redução dos preços de alimentos.
A análise é um desdobramento do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano, que registrou alta de 1,9% na comparação com os três meses anteriores, acima das expectativas de mercado. O dado foi puxado para cima por uma disparada de 21,6% na agropecuária, sob o impacto de uma safra recorde de soja, no melhor resultado para o setor desde o quarto trimestre de 1996.
Enquanto o agronegócio teve forte crescimento, o desempenho do setor de serviços -- foco de atenção do Banco Central após a pandemia -- foi moderado, com alta de 0,6%. A indústria, por sua vez, recuou 0,1% no trimestre.
O Ministério da Fazenda reconheceu, em nota técnica publicada nesta quinta-feira, que o segundo trimestre deve registrar uma desaceleração da agropecuária na margem e disse não ver sinais de recuperação da indústria no período. No entanto, a pasta disse manter perspectivas favoráveis para o setor de serviços.
Também nesta quinta, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o Brasil crescerá mais que 2% em 2023 mesmo que nada aconteça, avaliando que a atividade se aqueceu sem impacto negativo na inflação, o que permite uma redução dos juros no país.
Para ela, o PIB poderá crescer até 2,3% neste ano -- a atual projeção do governo é de expansão de 1,9%.
"A inflação está caindo, então não temos um aquecimento da economia que esteja gerando aumento da inflação", disse em conversa com jornalistas.
“Mesmo com economia um pouco mais aquecida, não é isso que iria impactar a inflação. Consequentemente, não haveria razão para não começar, ainda que de modo muito gradual, a diminuir os juros no Brasil", acrescentou.
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