Ibovespa tem forte alta e garante mais um desempenho positivo na semana
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, superando os 113 mil pontos no melhor momento, o que não acontecia há quatro meses, em meio a um clima externo favorável a ativos de risco, com expectativas de que o Federal Reserve possa experimentar uma pausa no ciclo de aumentos de juros nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,8%, a 112.558,15 pontos, chegando a 113.069,55 pontos na máxima -- o índice não ultrapassava o patamar dos 113 mil pontos desde o começo de fevereiro. O volume financeiro somou 28,7 bilhões de reais.
Com a alta nesta sessão, o Ibovespa conquistou um ganho semanal de 1,49%, completando seis semanas sem acumular desempenho negativo -- maior sequência desde a série de sete semanas em alta de 2 de novembro a 18 de dezembro de 2020.
Nos EUA, a criação de postos de trabalho em maio superou as expectativas de economistas, mas uma moderação nos salários fez crescer as apostas de manutenção dos juros pelo banco central norte-americano na reunião de 13 a 14 de junho. Seria a primeira decisão por manter os juros inalterados em mais de um ano.
Outro componente de alívio foi a aprovação pelo Senado norte-americano na quinta-feira do projeto de lei que eleva o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo, evitando o que teria sido o primeiro calote da história, com desdobramentos globais catastróficos.
"O acordo para elevar o teto da dívida pública dos EUA elimina um dos principais riscos de curto prazo para os mercados, e a crise bancária parece ter entrado em uma fase menos turbulenta", afirmou a equipe do Departamento de Economia do Bradesco liderada por Fernando Honorato.
Em relatório a clientes, eles pontuaram que, diminuídos os riscos de cauda, a atenção dos mercados deve retornar a temas como a persistência da inflação, a resiliência da economia norte-americana e o que isso significa para os próximos passos da política monetária.
"A julgar pela sinalização do Fed e a evolução do cenário, cortes de juros nos EUA ainda em 2023 parecem improváveis."
O clima benigno nos pregões teve suporte ainda de expectativas de estímulos adicionais à economia na China. De acordo com reportagem da Bloomberg, Pequim está trabalhando em novas medidas para apoiar o mercado imobiliário.
No caso do Brasil, o comportamento dos mercados tem como pano de fundo principalmente sinais recentes de queda da inflação e avanço da nova regra fiscal no Congresso Nacional, que alimentaram expectativas de que o início dos cortes da Selic pode ser antecipado pelo Banco Central.
A posição técnica dos ativos, de acordo com profissionais do mercado, também corroborou o movimento comprador.
DESTAQUES
- COSAN ON fechou em alta de 7,9%, a 16,53 reais, melhor desempenho do Ibovespa, com analistas do BTG Pactual reforçando recomendação de "compra" para as ações, citando que a companhia está perto de um "ponto de inflexão".
- VALE ON avançou 4,27%, a 67,94 reais, em meio a uma nova alta dos futuros do minério de ferro na China, com o setor de mineração e siderurgia como um todo terminando na coluna positiva.
- PETROBRAS PN valorizou-se 0,82%, a 27,18reais, favorecida pelo avanço dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent fechando com acréscimo de 2,5%, a 76,13 dólares.
- ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 1,46%, a 27,09 reais, enquanto BRADESCO PN avançou 1,75%, a 16,04 reais, beneficiando-se do maior apetite a ativos de risco.
- VIA ON desabou 10,36%, a 2,25 reais, após o JPMorgan rebaixar a recomendação dos papéis para "underweight". Os analistas do banco também reduziram a recomendação de Magazine Luiza. MAGAZINE LUIZA ON perdeu 4,68%.
- TOTVS ON caiu 4,19%, a 28,83 reais, entre as poucas quedas do Ibovespa no dia. Analistas do UBS BB cortaram a recomendação da ações para "neutra" e reduziram o preço-alvo de 36 reais para 34 reais.
- CVC BRASIL ON encerrou em baixa de 0,83%, a 3,6 reais, revertendo os ganhos da primeira etapa do dia. Antes da abertura, disse que estuda oferta de ações e conversa com potenciais investidores.
- MÉLIUZ ON avançou 2,67%, a 9,24 reais, após anunciar nesta sexta-feira que assinou na véspera acordo definitivo para venda da fintech Bankly para o banco BV por 210 milhões de reais.
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