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Taxas futuras de juros fecham em baixa no Brasil após decisão de política monetária do Fed

14/06/2023 16h48

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quarta-feira em queda no Brasil, em um dia marcado pela decisão de política monetária do Federal Reserve, que manteve sua taxa básica estável, mas sinalizou a possibilidade de duas elevações ainda em 2023.

Em meio a grande expectativa do mercado financeiro em todo o mundo, o Fed anunciou durante a tarde a manutenção dos juros na faixa de 5% a 5,25% ao ano, mas sinalizou em novas projeções econômicas que os custos dos empréstimos podem aumentar mais 0,5 ponto percentual até o final do ano.

Os rendimentos dos Treasuries reagiram em alta em um primeiro momento, especificamente à possibilidade de mais duas elevações de 0,25 ponto percentual. No Brasil, os juros futuros, que apresentavam leves ganhos antes do Fed, se mantiveram em alta logo depois do anúncio.

“A projeção do Fed para os juros em 2023 subiu. Os próprios membros deixaram aberta a possibilidade de mais aumentos. Então, tivemos novas reações do mercado”, disse analista-chefe da Toro Investimentos, Lucas Carvalho, em comentário enviado à imprensa.

Carvalho pontuou que muitos vértices da curva norte-americana, em especial no curto prazo, elevaram os prêmios imediatamente após o anúncio do Fed.

No entanto, o chair do Fed, Jerome Powell, acabou minimizando o movimento altista das taxas, ao adotar em alguns momentos um discurso um pouco mais brando -- ou “dovish”, no jargão do mercado – em fala à imprensa.

Powell afirmou que as projeções do Fed não são um “plano” ou uma “decisão”. Na prática, ele manteve a porta aberta para a instituição realizar qualquer movimento – seja manter a taxa de juros, seja elevá-la.

“Pelo que vejo, não há uma garantia de alta de juros nos EUA na próxima reunião”, comentou José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos. “Eventualmente, esta parada do Fed no ciclo de alta pode ser por mais uma reunião”, opinou.

Em meio às falas de Powell e às interpretações do mercado, as taxas dos títulos americanos de curto prazo sustentavam ganhos consistentes no fim da tarde -- como podia ser visto entre os contratos de 2 e de 5 anos --, mas caíam no caso do título de 10 anos.

No Brasil, a curva a termo acabou passando para o negativo durante a fala de Powell, em especial entre os contratos de prazos mais longos, onde os estrangeiros atuam preferencialmente, após o chair do Fed afirmar que não há uma decisão sobre dois novos aumentos de juros, como indicado nas projeções.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,045%, ante 13,067% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,13%, ante 11,173% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,53%, ante 10,585% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,615%, ante 10,664%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 7% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 93% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

Às 16:43 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos --que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- subia 3,40 pontos-base, a 4,7304%.

No mesmo horário, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 3,00 pontos-base, a 3,8095%.