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China deve cortar taxas referenciais de juros à medida que economia desacelera

19/06/2023 08h09

XANGAI/CINGAPURA (Reuters) - Há ampla expectativa de que a China cortará suas principais referências de empréstimos na terça-feira, no primeiro afrouxamento do tipo em dez meses, mostrou uma pesquisa da Reuters, conforme as autoridades buscam sustentar uma recuperação lenta na segunda maior economia do mundo.

Dados econômicos recentes mostraram que os setores de varejo e indústria estão enfrentando dificuldades para manter o ímpeto visto no primeiro trimestre, levantando temores de que o retorno pós-Covid da China possa ser interrompido este ano e desencadear grandes perdas de empregos.

O Banco do Povo da China reduziu os juros de curto e médio prazo na semana passada, sinalizando que está prestes a embarcar em outra rodada de afrouxamento monetário, em um esforço para acelerar a recuperação.

Em uma pesquisa com 32 observadores do mercado, todos os participantes previram cortes nas taxas primárias de empréstimo (LPR, na sigla em inglês) de um ano e de cinco anos .

Vinte e um, ou quase 66%, de todos os entrevistados, esperam que a LPR de um ano -- referência para a maioria dos empréstimos novos e pendentes-- seja reduzida em 0,10 ponto percentual, de 3,65% para 3,55%. Outros projetaram cortes na faixa de 0,05 a 0,15 ponto percentual.

Enquanto isso, 16, ou metade, dos analistas e operadores consultados pela Reuters disseram que preveem um corte mais profundo, de pelo menos 0,15 ponto, na LPR de cinco anos, que serve como taxa de referência para hipotecas, de forma a estimular a demanda por moradias e sustentar o setor imobiliário.

Outros 14 entrevistados previram que a taxa com prazo de cinco anos seria reduzida em 0,10 ponto, para 4,2%, de 4,3% atualmente.

A China cortou as duas LPRs pela última vez em agosto de 2022.

"Tradicionalmente, cortes na ferramenta de empréstimo de médio prazo (MLF, na sigla em inglês) e nas operações de mercado aberto (OMO, na sigla em inglês) significam que podemos esperar um corte de tamanho semelhante na taxa de empréstimo bancário relativamente em breve", disse David Chao, estrategista de mercado global para a Ásia-Pacífico na Invesco.

"No entanto, o maior risco é que os cortes de juros podem ser ineficazes quando as famílias e as empresas são excessivamente conservadoras, ocupadas desalavancando e pagando dívidas."

Chao espera que as autoridades introduzam medidas fiscais e de estímulo adicionais direcionadas.

O gabinete da China se reuniu na sexta-feira para discutir medidas para estimular o crescimento da economia e prometeu mais suporte da política monetária.

Apesar do forte consenso de cortes na LPR na terça-feira, os participantes do mercado estão divididos sobre o tamanho das reduções. Alguns esperam que a taxa de referência das hipotecas possa ser reduzida por um corte mais profundo para ajudar o setor imobiliário em dificuldades.

"Esperamos um corte assimétrico com cinco pontos-base na LPR de um ano e 15 pontos-base na LPR de cinco anos, já que o setor imobiliário está claramente justificando mais apoio da política monetária", disseram analistas do Citi em nota.

(Por Li Hongwei, Winni Zhou e Tom Westbrook)