Taxas futuras curtas fecham em baixa após corte menor de juros na China
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Em um dia de aversão a ativos de risco em todo o mundo, as taxas dos contratos futuros de juros de curto e médio prazo fecharam em baixa no Brasil nesta terça-feira, reagindo ao corte menor que o esperado das taxas de juros na China e à leitura favorável da segunda prévia do IGP-M de junho, com investidores à espera da decisão do Banco Central sobre juros na quarta-feira.
Na ponta longa, no fim da tarde, houve certa recuperação das taxas, que encerraram próximas da estabilidade, com leve viés de alta.
Pela manhã, os mercados já repercutiam a notícia de que a China cortou suas principais taxas de referência pela primeira vez em dez meses, em uma ação para dar suporte ao crescimento econômico.
A taxa primária de empréstimo (LPR) de um ano foi reduzida em 10 pontos-base, para 3,55%, enquanto a LPR de cinco anos sofreu corte pela mesma margem, para 4,20%. Embora todos os 32 participantes de uma pesquisa da Reuters projetassem reduções em ambas as taxas, o corte na taxa de cinco anos foi menor do que muitos esperavam.
Isso disparou um movimento de aversão a ativos de maior risco em todo o mundo, penalizando os índices de ações e dando suporte ao dólar ante a maioria das demais moedas. A busca por segurança também se refletiu na queda dos rendimentos dos Treasuries, com reflexos na baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil.
“A questão da China está prevalecendo, depois de os bancos chineses terem reduzido as taxas de empréstimos de longo prazo menos que o esperado. Vimos as commodities caindo e uma preocupação com a economia mundial ajudando as taxas a recuarem”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
Nos EUA, os dados do mercado imobiliário surpreenderam positivamente, o que em tese daria suporte aos rendimentos dos Treasuries. No entanto, prevaleceu a leitura mais negativa sobre a política monetária chinesa.
Internamente, a segunda prévia do Índice Geral de Preços–Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas, também contribuía para a baixa das taxas futuras no mercado doméstico. O indicador marcou deflação de 1,78% na segunda leitura deste mês, um percentual de deflação superior ao 1,50% do mesmo período de maio, o que sugere que o IGP-M cheio deve passar por forte queda também este mês.
A tramitação do novo arcabouço fiscal no Senado foi interrompida, após um pedido de vista feito pelo líder do PL na Casa, Rogério Marinho (RN), ao relatório do senador Omar Aziz (PSD-AM).
Isso ocorreu a despeito de Aziz ter feito um apelo para que não fosse feito pedido de vista após a leitura de seu relatório, para que o texto fosse aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) ainda nesta terça-feira. Agora, a expectativa é de que a CAE vote o relatório na quarta-feira.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que, a despeito do adiamento, a tendência é de que o novo arcabouço seja aprovado na Casa, o que é positivo para a área fiscal. Em função disso, os efeitos na curva a termo foram marginais nesta terça-feira.
Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13%, ante 13,022% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,085%, ante 11,139% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,505%, ante 10,518% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,535%, ante 10,522%.
O Banco Central iniciou nesta terça-feira o primeiro dos dois dias de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá na quarta-feira sobre a taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano. A expectativa majoritária no mercado financeiro é de que o BC mantenha a taxa no atual patamar, mas sinalize a possibilidade de cortes na reunião seguinte, em agosto.
Perto do fim da tarde, a curva a termo precificava apenas 6% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro da quarta-feira e 92% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano. Para agosto, estão precificados 92% de chances de corte de 0,25 ponto percentual.
No exterior, as taxas dos Treasuries seguiam em queda.
Às 16:50 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 4,10 pontos-base, a 3,7285%.
Veja como estavam as taxas dos principais contratos de DI no fim da tarde desta terça-feira:
Mês Ticker Taxa Ajuste Variação
(% anterior (p.p.)
a.a.) (% a.a.)
JUL/23 13,638 13,637 0,001
AGO/23 13,634 13,636 -0,002
OUT/23 13,45 13,465 -0,015
JAN/24 13 13,022 -0,022
JAN/25 11,085 11,139 -0,054
JAN/26 10,505 10,518 -0,013
JAN/27 10,535 10,522 0,013
JAN/28 10,71 10,688 0,022
JAN/29 10,89 10,875 0,015
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.