Ibovespa fecha na máxima desde abril de 2022 à espera do BC; Petrobras ajuda
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, acima dos 120 mil pontos pela primeira vez desde abril de 2022, em sessão marcada por expectativas para a decisão de política monetária do Banco Central, em especial sinais sobre o rumo da Selic à frente, tendo Petrobras entre os principais suportes.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,67 %, a 120.420,75 pontos, máxima de fechamento desde 4 de abril de 2022. No melhor momento do dia, chegou a 120.518,52 pontos. Na mínima, a 119.332 pontos.
O volume financeiro no pregão somou 27,8 bilhões de reais.
O Comitê de Política Monetária do BC anuncia ainda nesta quarta-feira desfecho de sua reunião de dois dias, e em meio a apostas de manutenção da Selic em 13,75% o comunicado deve concentrar as atenções, em especial após o mercado ter migrado recentemente as apostas do primeiro corte de juros para agosto.
"Esperamos que o Copom altere alguns elementos de sua comunicação, começando a dar sinais na direção de início do ciclo de cortes de juros", afirmaram economistas do Bradesco, estimando manutenção da Selic em 13,75% nesta reunião, com o primeiro corte ocorrendo entre agosto e setembro.
A equipe de economia do Itaú Unibanco também vê o BC mantendo a Selic em 13,75% e ajustando sua comunicação, mas avalia que a autoridade monetária ainda não sinalizará que um corte de juros é iminente, conforme relatório a clientes, em que afirma ver o início dos cortes apenas em setembro.
Na bolsa, a perspectiva de queda da Selic no segundo semestre tem apoiado um desempenho mais positivo no pregão, com estrangeiros reforçando tal movimento nas últimas semanas. Dados da B3 mostram que as compras de estrangeiros superam as vendas em quase 7,7 bilhões de reais neste mês até o dia 19.
De acordo com estrategistas do JPMorgan, a maior parte da alta no último mês refletiu cobertura de posições vendidas, em meio a um maior otimismo com o cenário macro. "Os estrangeiros demoraram um pouco para entrar, mas o fizeram de maneira grande e rápida nos últimos dias", observara.
Para Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi, conforme relatório enviado a clientes, o fluxo de recursos para o mercado acionário brasileiro deve continuar a se consolidar, embora elas ponderem que seja necessário ver um fim dos fortes resgates que ainda estão sendo observados nos fundos dedicados a ações locais.
Na expectativa do Copom, o avanço da nova regra fiscal no Senado também esteve no foco, com aprovação do texto na Comissão de Assuntos Econômicos. A proposta agora irá ao plenário, para ser votada provavelmente ainda nesta quarta, mas com mudanças que podem obrigar o retorno da matéria à Câmara dos Deputados.
No exterior, em depoimento a parlamentares no Capitólio, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que novos aumentos de juros pelo BC norte-americano são "um bom palpite" sobre para onde a autoridade monetária dos Estados Unidos está indo se a economia continuar em sua direção atual.
Ao final de três horas de audiência perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, Powell disse que não caracterizaria a decisão do Fed na semana passada de não aumentar a taxa básica de juros como uma "pausa", e destacou o fato de que a maioria das autoridades vê mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual como prováveis até o final do ano.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 0,5%.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN avançou 4,19%, a 31,85 reais, renovando máximas históricas, em meio à percepção de redução de riscos envolvendo a companhia. Na véspera, o Goldman Sachs elevou a recomendação dos papéis, seguindo movimento já realizado por outros analistas. A performance no dia ainda teve como pano de fundo a alta do petróleo no exterior, com o Brent fechando em alta de 1,6%.
- VALE ON caiu 1,01%, a 66,93 reais, uma vez que os futuros do minério de ferro na Ásia ampliaram a queda nesta sessão. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 1%, a 797,50 iuanes (110,86 dólares) por tonelada métrica. Na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência recuou 2%.
- ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 0,97%, a 29,04 reais, enquanto BRADESCO PN cedeu 0,23%, 17,25 reais.
- YDUQS ON fechou em alta de 4,57%, a 20,35 reais, tendo como pano de fundo relatório de analistas do Bank of America elevando a recomendação das ações do grupo de educação para "compra", bem como o preço-alvo para 24 reais. Entre os argumentos, citaram forte "momentum" para os resultados, além de uma posição de caixa saudável para 2023 e melhoria da dinâmica do capital de giro.
- EMBRAER ON perdeu 7,42%, a 17,83 reais, mais uma vez entre as maiores perdas do Ibovespa, com o noticiário relacionado à Paris Airshow não sendo suficiente para estimular compras. Nesta quarta, a Embraer informou que está voltando ao mercado chinês com um acordo para converter jatos de passageiros em cargueiros em parceria com uma empresa da cidade de Lanzhou.
- CVC BRASIL ON caiu 5,25%, a 3,97 reais. A operadora de turismo precifica na quinta-feira oferta primária de ações, que terá os recursos destinados para aquisição de determinadas debêntures, além de reforço do capital de giro e melhoria da estrutura de capital. Considerando preço de fechamento da véspera do anúncio, de 4,10 reais, a oferta total alcança 683,333 milhões de reais.
- VAMOS ON, que não está no Ibovespa, recuou 2,29%, a 12,38 reais, após anunciar oferta de 118.389.898 ações, que espera precificar em 28 de junho. Com base no preço de fechamento da terça-feira, de 12,67 reais, a oferta alcança 1,5 bilhão de reais. A companhia pretende utilizar os recursos da operação para aquisição de caminhões e máquinas, entre outros.
- XP INC, que é negociada em Nova York, avançou 3,81%, a 24,52 dólares. Analistas do BTG Pactual revisaram projeções e elevaram o preço-alvo das ações da plataforma de investimentos para 28,50 dólares, enxergando um mercado de capitais mais forte do que o esperado no Brasil. Eles, porém, reiteraram recomendação "neutra" por dúvidas sobre a sustentabilidade dos lucros e do ROE da XP.
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