Taxas de juros longas sobem com aversão a risco e expectativa sobre política monetária
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Em um dia de poucos indicadores econômicos, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam esta quarta-feira em leve alta, em especial na ponta longa, em um ambiente global de maior aversão a ativos de risco e com investidores no Brasil à espera de novidades na área de política monetária nesta quinta-feira.
Desde o início do dia, os negócios no exterior eram permeados pela notícia de que os EUA estão considerando novas restrições às exportações de chips de inteligência artificial para a China.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, o Departamento de Comércio norte-americano interromperá as remessas de chips fabricados pela Nvidia e outras empresas de chips para clientes na China já em julho.
Neste cenário, moedas de países exportadores de commodities e índices de ações cediam no exterior, com investidores em busca de ativos de maior qualidade. Este movimento também fez os rendimentos dos Treasuries caírem, a despeito de o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, não descartar a possibilidade de outro aumento de juros pelo banco central norte-americano em sua próxima reunião, em julho.
No mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros) do Brasil, a busca por qualidade se traduziu na queda das taxas dos contratos futuros de juros.
“O movimento de flight to quality (voo para a qualidade) se traduz em países emergentes como queda das taxas de juros, porque os investidores deixam os títulos”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
Isso foi mais perceptível na ponta longa da curva a termo, justamente onde os estrangeiros preferem atuar.
Ainda assim, o movimento foi comedido, porque os investidores aguardam com ansiedade por dados e entrevistas nesta quinta-feira. Entre eles, o Banco Central divulgará o Relatório de Inflação pela manhã, com entrevista coletiva do presidente Roberto Campos Neto.
Durante o dia, ocorre ainda a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), cujo resultado sairá após o fechamento dos mercados. Um dos itens da pauta são as metas de inflação para os próximos anos.
Parte do mercado acredita que o CMN poderá aprovar uma alteração no sistema de metas de inflação, deixando de lado o ano-calendário como prazo para atingimento do objetivo.
Apesar do movimento desta quarta-feira, as taxas futuras seguem traduzindo a expectativa de que, em agosto, o BC inicie seu processo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
Para o encontro de agosto, a precificação na curva no fim da tarde era de 83% de chances para corte de 0,25 ponto percentual da Selic. Os outros 17% são para corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,96%, ante 12,968% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,97%, ante 10,961% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,345%, ante 10,309% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,365%, ante 10,32%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em queda.
Às 16:43 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 5,40 pontos-base, a 3,7136%.
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