Dólar à vista cai ante o real em sintonia com o exterior

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou em baixa ante o real nesta terça-feira, em sintonia com o recuo da moeda norte-americana no exterior, que ofuscou o viés positivo trazido pelos dados de inflação no Brasil e pela expectativa de alta de juros nos Estados Unidos.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8619 reais na venda, com baixa de 0,43%.

Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,76%, a 4,8785 reais.

Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a sustentar ganhos ante o real, em um momento em que o dólar também subia ante algumas divisas no exterior e após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,08% em junho, contra avanço de 0,23% em maio.

O resultado marcou a primeira taxa negativa desde setembro de 2022 (-0,29%) e a menor variação para o mês de junho desde 2017, ficando praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de uma queda de 0,10%.

Embora a abertura do IPCA tenha demonstrado persistência da inflação de serviços -- o que determinou a alta das taxas futuras curtas de juros --, o mercado de câmbio reagiu à perspectiva de que o indicador reforçou a tendência de o Banco Central iniciar os cortes da taxa básica Selic em agosto.

Ao mesmo tempo, há a expectativa de que o Federal Reserve promova mais elevações de sua taxa de juros à frente.

“A deflação do IPCA sinaliza que o BC vai cortar juros. Corta por aqui, mas sobe lá fora, porque o Fed vai aumentar os juros. Isso significa que a arbitragem vai diminuir, o que ajudou na alta do dólar pela manhã”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

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Neste cenário, o dólar marcou a máxima da sessão, de 4,9241 reais (+0,85%), às 9h37. No restante da manhã, porém, a moeda perdeu força, com exportadores aproveitando as cotações mais elevadas para vender divisas. À tarde, o dólar passou a sustentar perdas.

O recuo foi resultado da perda de força da moeda norte-americana também no exterior, com investidores à espera da divulgação de novos dados de inflação nos EUA na quarta-feira.

Operador ouvido pela Reuters ponderou que os participantes do mercado demonstravam mais interesse na inflação norte-americana, que sai na quarta, do que na brasileira, divulgada nesta terça. Isso porque o dado norte-americano poderá servir de gatilho para reposicionamentos no mercado de câmbio.

No fim da tarde, o dólar caía ante uma cesta de moedas fortes e cedia ante a maior parte das divisas de emergentes e exportadores de commodities.

Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,25%, a 101,670.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de setembro.

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