Taxas futuras curtas têm leve alta com exterior e à espera do Copom

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros com prazos curtos fecharam a terça-feira em leve alta no Brasil, influenciadas pelo exterior, onde os rendimentos dos Treasuries subiam de forma consistente, com investidores voltando a reduzir as apostas de que o Banco Central iniciará o novo ciclo monetário com corte de 0,50 ponto percentual da Selic.

Na ponta longa da curva a termo, as taxas terminaram praticamente estáveis após sustentaram altas ao longo do dia.

No início da sessão os mercados já repercutiam uma bateria de dados industriais decepcionantes da China, do Japão e da Europa.

Na China, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de indústria do Caixin/S&P Global caiu para 49,2 em julho, de 50,5 em junho, e abaixo das previsões dos analistas de 50,3. Foi o primeiro declínio na atividade desde abril. A marca de 50 separa crescimento de contração.

Já o PMI de manufatura final do Japão caiu para 49,6 em julho, ante os 49,8 de junho. Na Europa, houve resultados fracos nos PMIs da França, da Alemanha, do Reino Unido e da zona do euro.

Os resultados elevaram os receios em torno de uma desaceleração econômica global, em especial na China, que tem potencial para afetar países exportadores de commodities como o Brasil.

No mercado norte-americano de títulos, no entanto, os dados não foram suficientes para sustentar uma queda nos rendimentos. Ao contrário, as taxas dos Treasuries subiam de forma consistente, com investidores posicionados para o anúncio de refinanciamento do Tesouro na quarta-feira e antecipando mais resiliência econômica daqui para frente.

O avanço dos rendimentos dos Treasuries acabou definindo a alta das taxas dos títulos em outras praças, como a zona do euro, onde os papéis de 10 anos da Alemanha subiam, e no Brasil, que mostrava alta em toda a curva a termo – apesar de limitada.

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O movimento ocorria em meio à expectativa em torno da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica Selic, marcada para o fim da quarta-feira. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

Com o movimento na sessão desta terça-feira, caíram as apostas de um corte de meio ponto percentual da Selic, com o mercado bastante dividido sobre o que o Copom de fato fará na quarta-feira.

Perto do fechamento desta terça a precificação na curva a termo brasileira era de 55% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da Selic e de 45% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na segunda-feira, os percentuais eram de 64% e 36%, respectivamente.

“O comitê teoricamente tem espaço para um corte de 50 pontos-base. Tivemos o IPCA-15 que trouxe uma deflação maior que o esperado, e a própria reforma tributária foi aprovada (na Câmara), o que traz conforto para o BC cortar meio ponto”, comentou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

Porém, lembra Izac, fatores como a defasagem dos preços dos combustíveis e medidas que impactam negativamente a área fiscal são lembrados como argumentos para o BC ser mais comedido, o que faz parcela considerável do mercado apostar em um corte de 25 pontos-base.

Esta indefinição sobre a Selic contribuiu para que as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) não passassem por ajustes mais amplos na véspera da decisão do Copom. Enquanto a ponta curta da curva sustentou leves ganhos até o final, na parte longa as taxas terminaram praticamente estáveis.

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No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,6%, ante 12,58% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,635%, ante 10,605% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,08%, ante 10,069% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,14%, ante 10,141%.

Às 16:58 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 8,00 pontos-base, a 4,0371%.

Já o rendimento do Treasury de 30 anos subia 8,20 pontos-base, a 4,0977%.

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