Tributação de fundos exclusivos será enviada ao Congresso como projeto de lei, diz Haddad

Por Bernardo Caram

(Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que pretende mandar ao Congresso o texto para mudar a tributação de rendimentos de fundos exclusivos de investimento em um projeto de lei, e não como medida provisória.

Em entrevista à Globonews, o ministro afirmou que a reforma tributária como um todo buscará ser neutra, mas ponderou que medidas pontuais como essa serão adotadas para fazer com que famílias muito ricas passem a pagar impostos como o restante da população.

"Quando você fica muito rico no Brasil, você cria um fundo exclusivo e para de pagar (imposto periódico sobre rendimentos)", disse. "Nós criamos uma espécie de paraíso fiscal dentro do Brasil."

De acordo com o ministro, o país tem hoje 2.400 fundos exclusivos, com patrimônio de aproximadamente 800 bilhões de reais.

Ao contrário da medida provisória, um projeto de lei não tem efeito imediato e passa a valer apenas após análise e aprovação do texto pelo Congresso, além da sanção do presidente da República.

A iniciativa atende a demanda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu publicamente que essa discussão seja feita no Congresso apenas após o fim da tramitação da reforma tributária sobre o consumo.

A proposta para que os rendimentos dos fundos exclusivos sejam tributados todo ano, e não apenas no momento do resgate, faz parte das medidas para ampliar os recursos para o Orçamento de 2024, que irá para apreciação do Congresso no final de agosto.

HERANÇAS

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Na entrevista, Haddad indicou ser favorável a alterações na tributação sobre heranças ao afirmar que a alíquota que incide sobre esses recursos é de aproximadamente 4%, uma das menores do mundo, segundo ele.

De acordo com o ministro, o governo verificou casos de pessoas muito ricas que transferiram fortunas ao exterior ainda em vida e seus familiares acabaram não pagando imposto ao país pelo repasse dos recursos após o falecimento.

Ele afirmou haver uma discussão internacional sobre o tema e citou como exemplos governos que tributam essas fortunas de acordo com o número de anos em que a pessoa viveu naquele local, mencionando também casos em que a pessoa é tributada ao retirar o dinheiro do país.

Apesar de abordar o tema, o ministro não deixou claro se vai propor alguma iniciativa nessa área.

Em relação à reforma tributária sobre o consumo, aprovada pela Câmara e que depende de análise do Senado, Haddad disse que hoje, na prática, a alíquota no país é de 34% considerando todos os impostos e que a taxação necessariamente será menor com as novas regras.

Para ele, após período de transição, se a calibragem das exceções a setores específicos for bem feito, a alíquota do novo imposto sobre consumo vai girar em torno de 25%.

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Novamente defendendo a redução das exceções na reforma, Haddad disse que apresentará aos senadores o detalhamento de quanto cada regime diferenciado impactará na elevação da alíquota geral do novo tributo.

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