Haddad diz haver espaço para mais cortes de juros e minimiza turbulência após decisão do BC

SÃO PAULO (Reuters) - Há espaço para mais cortes na taxa básica de juros e eles precisam acontecer diante de uma economia que está desacelerando muito, avaliou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta sexta-feira.

Em entrevista a jornalistas em São Paulo, Haddad afirmou que o comunicado do Banco Central após cortar a taxa básica de juros Selic nesta semana deixa claro que a autarquia fará reduções constantes de 0,5 ponto percentual

"Tem espaço e o corte precisa vir. De fato, o que estava acontecendo, era que a economia estava desacelerando muito e está desacelerando. (...) Precisamos saber harmonizar e obter o melhor resultado para a economia", disse.

Na quarta-feira, o Banco Central anunciou uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic, a 13,25% ao ano, em decisão que dividiu os membros de sua diretoria em 5 a 4. Após a primeira flexibilização na taxa básica de juros em três anos, a autoridade monetária ainda sinalizou novos cortes equivalentes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Haddad afirmou ainda que, se o governo continuar aprovando medidas no Congresso, o BC pode inclusive fazer cortes maiores do que 0,5 ponto na Selic.

O ministro afirmou que uma turbulência no mercado dos Estados Unidos impactou diversos países na quinta-feira, inclusive o Brasil, fazendo com que analistas atribuíssem "indevidamente" movimentos negativos no mercado brasileiro à "decisão correta" do Banco Central. Ele citou como exemplo o dólar, que subiu na quinta após o corte na Selic, mas já mostra algum recuo nesta sexta.

Sob o raciocínio de que "não podemos importar a instabilidade da economia internacional", o ministro afirmou que a Petrobras não pode tomar decisões com base em volatilidade de curto prazo.

Haddad ressaltou que tem falado diariamente com o presidente da Petrobras, mas ponderou que o governo não tem ingerência política nas decisões de preços da companhia.

Nesta sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que os preços de combustíveis praticados internamente estão "no limite" e que, se houver oscilação para cima da cotação do petróleo, repasses serão feitos pela Petrobras.

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(Reportagem de Fernando Cardoso)

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